A transformação digital reinventa o modelo de negócio das empresas, tornando-as mais competitivas, e esse futuro é já uma certeza.
Esta foi uma das principais evidências dos painéis do Simposium “Aveiro 4.0 | O futuro da Tecnologia, Indústria 4.0, Marketing Digital e Inovação”, uma iniciativa da AIDA CCI – Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro - que se realizou no Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis
Jaime Andrez, presidente do COMPETE, abriu o programa no período da tarde com uma intervenção dedicada à vertente digital do marketing na Indústria, onde destacou que “hoje não sabemos os produtos que se venderão em 2021, mas sabemos as tecnologias-chave que permitem a transformação da economia”.
O orador afirmou também que a inovação é integrada e assenta fundamentalmente no modelo de negócio e na cadeia de valor que lhe diz respeito.
“Se a tendência é a digitalização da economia, temos de estar atentos à nossa audiência e aos canais utilizados”.
Jaime Andrez frisou que “o COMPETE foi concebido para promover as tecnologias”.
“Os programas operacionais têm de identificar falhas de mercado para justificar resposta da política pública. Temos todos os instrumentos: soluções ao nível das comunicações, software, integração das TIC nas várias fases do ciclo de vida das PME, a adoção de tecnologias 4.0 e a adopção de marketing digital”.
Maria Luísa Aldim, country ambassador da European Women Payments Network, defendeu que “a transformação digital é fundamental até mesmo na mudança de processos”.
“Se queremos continuar a estar na vida do cliente, temos de acompanhar as tendências, agilizar e tornar as coisas mais flexíveis”.
José Augusto Silva, da Deloitte, também reiterou que a transformação digital é inevitável, sendo crucial recolher os dados e criar experiências para o consumidor. “Uma campanha de conversão pode gerar muito tráfego, por exemplo. Temos de perceber o que queremos atingir com a mensagem e quem queremos alcançar, porque há mais grupos de consumidores”.
O CEO da Dott, Gaspar d’Orey, salientou que “há uma conveniência acrescida no online, mas as lojas físicas não vão acabar, porque é onde temos experiências de compra”.
“Já notamos que todo o ecossistema comercial está mais sensibilizado para que o processo de compra online funcione e para que o consumidor final se sinta mais confiante”.
Relativamente ao marketing digital e tradicional, Gaspar d’Orey considerou que “os princípios do marketing estão lá, mas mudaram os canais, o que muda a forma como nós atuamos e nos comportamos. As métricas online hoje são muito usadas e conseguimos converter os dados. Por exemplo, ficamos a saber todo o percurso do consumidor e podemos agir em função disso”.
Gonçalo Ramos, head of digital & e-commerce da Leroy Merlin, acrescenta que existe uma capacidade que não existia com o marketing tradicional, em reunir a informação dos clientes.
“O comportamento que tem, se a pessoa se está a preparar para comprar um produto, e assim sabemos comunicar melhor com o cliente e ter o retorno dessa mensagem”.
“Inovação ao serviço das empresas: desafios de futuro” foi o mote desenvolvido por Jónio Reis, administrador da BOSCH Termotecnologia, que abordou a questão de como manter a competitividade num mundo em constante mudança.
“O mundo virtual entra em confronto com o mundo físico. A revolução industrial democratizou a tecnologia, o que permitiu que novos players competissem de outra forma”, defendeu Jónio Reis.
“Atualmente temos muita informação mas nem sempre sabemos como a utilizar, e assim não temos Indústria 4.0, porque não a estamos a rentabilizar para benefício da nossa empresa. A digitalização também está a mudar o nosso modelo de negócio”, salientou o administrador da BOSCH.
“Por exemplo, através de uma aplicação, consigo ter o ponto de situação atual da minha empresa, o que me permite tomar decisões de forma mais rápida e tornar a minha empresa mais eficiente”.
“Inovação ao serviço das empresas” foi o tema do segundo painel da tarde, moderado por Ivan Silva, diretor adjunto do Diário de Aveiro.
Américo Azevedo, da Porto Business School e INESC Porto, afirmou que com a aplicação da tecnologia “ninguém vende um produto, cria-se sim a capacidade de ter uma solução para um problema do cliente”.
Pedro Pereira, CEO & Partner da byAR, frisou a relevância de incluir as pessoas na transformação digital. “Se envolvermos as pessoas, elas vão perceber a transformação e até vão contribuir para essa transformação ser mais eficiente”.
O board president da Associação Portuguesa de Blockchain e Criptomoedas, Fred Antunes, sublinhou a que “o mercado de trabalho está a sofrer alterações e haverá a necessidade de criar novas profissões, com a integração de novas tecnologias. Os jovens já nasceram com tecnologia e os mais velhos têm o poder de decisão, mas às vezes entram em inércia. O digital é ainda é uma questão geracional”.
Helen Saag, head of player experience da Miniclip, realçou também que “precisamos cada vez mais de competências diferentes”. E deixou o alerta que “mudar é estar no caminho e não vale a pensa ter medo de mudança. Tudo o que estamos a fazer agora é igual há 50 ou 100 anos, a tecnologia que usamos é que é diferente. Não é nada novo”.
Sérgio Lee, chief strategy officer da Deloitte, abordou a temática do futuro da tecnologia, enunciando os conceitos de exponencialidade e de velocidade aplicados à tecnologia.
“A revolução tecnológica vai acontecer várias vezes ao longo da nossa vida, porque a tecnologia avança muito depressa, mas ainda não estamos a tirar partido da tecnologia da forma como o devíamos fazer”, declarou Sérgio Lee.
O orador enumerou vários exemplos da evolução da tecnologia ao longo dos anos, bem como a forma como revoluciona a vida quotidiana e a perceção da realidade.
O Simposium Aveiro 4.0 realiza-se no âmbito do PME Qualify, um projeto apoiado pelo COMPETE 2020 que visa fomentar a valorização e transferência de conhecimento e tecnologia e a qualificação dos recursos humanos, através de um conjunto de iniciativas que contribuem para o reforço da capacitação empresarial das pequenas e médias empresas.
O PME Qualify teve início a 1 de janeiro de 2018 e termina a 31 de dezembro de 2019. É cofinanciado pelo COMPETE 2020, Portugal 2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). O projeto é financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, no montante de 626.208,74€, dos quais 532.277,43€ são provenientes do FEDER.