João Pedro Dias renunciou ao cargo de vice-presidente da Assembleia-geral do Beira-Mar. Endereçou uma missiva ao presidente do órgão, Manuel Cabral Monteiro, que tornou pública para esclarecer a tomada de posição. Justifica a decisão com o constante adiamento de uma convocatória para debater a vida do clube e a apresentação de contas.
“No início do passado mês de fevereiro tive oportunidade de o tentar sensibilizar para o facto de, há mais de um ano (desde 20 de novembro de 2014), não se realizar nenhuma Assembleia Geral do nosso Clube, em flagrante violação do preceituado nos nossos Estatutos. Na conversa então tida foi-me afiançado que seriam desenvolvidos os esforços necessários para, no curto prazo, suprir essa grave omissão. Acreditei no que me foi transmitido e concedi-me a mim mesmo um último prazo – se, até final do corrente mês de março, não fosse marcada e realizada uma AG do nosso Clube, não me restaria outra alternativa que não renunciar ao meu cargo de Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral”.
Adverte Cabral Monteiro para o facto da Mesa estar, neste momento, “a violar de forma flagrante e ostensiva” os Estatutos do Clube, ao não convocar a AG. E diz que a direção mesmo que não tivesse as contas para apresentar deveria explicar-se perante os sócios. Defende ainda que faltou um debate sobre a queda do futebol na II divisão distrital.
“O mesmo se diga, também, para a aprovação dos orçamentos para as épocas desportivas – que passaram a ser de aprovação obrigatória após a última revisão dos Estatutos do Clube em sede de AG que se deve realizar até 30 de junho de cada ano. Nenhuma AG para este efeito foi convocada; nenhum orçamento foi aprovado. Também aqui, se quisermos ser rigorosos, reina a ilegalidade – sem orçamentos aprovados em AG, no rigor dos conceitos, nenhuma despesa poderia ter sido realizada em nome do Clube. E as que foram deveriam ser tidas por irregulares”.
O dirigente afirma que estão em falta duas AG’s ordinárias: uma até 30 de Junho de 2015 para aprovação do orçamento para a presente época desportiva e outra até 30 de Setembro de 2015 para aprovação das contas em falta.
Lamenta ainda que no pior momento desportivo da sua história quase centenária, o clube não tenha debatido a despromoção da equipa de futebol numa AG extraordinária.
“Não acredito que exista outro Clube no mundo onde tal pudesse acontecer – viver uma hecatombe desportiva como o SCBM viveu e os seus sócios não serem chamados, de imediato, a reunirem em AG extraordinária para escalpelizarem o assunto e deliberarem sobre a matéria. Isto está para lá do aceitável e do admissível”.
João Pedro Dias afirma que o trabalho dos dirigentes é “meritório” mas reclama debate em AG.