Estudo da UA identifica zonas marinhas de elevada importância para biodiversidade em Portugal.

Um estudo coordenado pela Universidade de Aveiro (UA) confirma existência de áreas de importante valor ecológico ao longo da plataforma continental portuguesa já descritas e protegidas na rede Natura 2000, mas destacam o valor de outras, hoje, sem estatuto de proteção, principalmente, na região sul.

O estudo, publicado no periódico “Ecological Indicators”, foi realizado em colaboração com as universidades de Ghent e Vigo, o Centro de Ciências Marinhas e Ambientais (MARE), a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Instituto Marinho da Flandres (VLIZ).  

Com o título “Marine biological value along the Portuguese continental shelf; insights into current conservation and management tools”/”Valor biológico marinho ao longo da plataforma continental portuguesa; uma visão sobre as ferramentas atuais de conservação e gestão”, o estudo foi publicado no periódico “Ecological Indicators” (factor de impacto: 3,898), do grupo Elsevier.

Foi aplicada uma metodologia para determinar áreas de elevado valor biológico marinho ao longo da plataforma continental portuguesa.

Neste estudo, a biodiversidade foi valorizada através de uma abordagem ecológica baseada no valor intrínseco da biodiversidade per se, usando bases de dados nacionais para uma ampla gama taxonómica de componentes. Incluíram-se aves marinhas, peixes demersais - que vivem a maior parte do tempo em associação com o fundo marinho -, macrobentos - pequenos seres vivos que vivem no fundo mas visíveis a olho nu, como crustáceos, poliquetas ou moluscos -, mamíferos marinhos e tartarugas marinhas.

As áreas de elevado valor biológico (hotspots) foram também sobrepostas com as áreas de conservação existentes da rede Natura 2000.

 

Zonas relevantes e sem estatuto de proteção

Os resultados desta abordagem confirmam a existência de áreas de importante valor ecológico já descritas e protegidas na rede Natura 2000, mas destacam igualmente o valor de zonas atualmente desprotegidas, principalmente na região sul, mais propriamente, no sudoeste algarvio.

Os hotspots de elevado valor biológico correspondem a áreas com atributos oceanográficos e topográficos reconhecidos por influenciar a biodiversidade, como orientação costeira, cabos proeminentes, canhões submarinos e grandes estuários.

Os mapas de avaliação biológica constituem uma ferramenta quantitativa importante para compilar e investigar espacialmente conjuntos de dados biológicos e realçar subzonas de elevado valor biológico.

Os resultados podem ser usados para definir áreas prioritárias para a conservação no contexto do ordenamento do espaço marítimo português.

Texto e foto: UA