Terminada a Ronda 2, da divisão Open Men, a selecção de Espanha é quem mais atletas colocou a disputar a Ronda 3, que amanhã vai para a água, uma vez que são previstas condições de mar melhores do que as de hoje à tarde.
Assim, amanhã, estarão nove espanhóis na Ronda 3, concorrendo com cinco sul-africanos e outros tantos norte-americanos, quatro franceses, os dois sobreviventes da Selecção Portuguesa, concretamente o campeão nacional Pedro Velhinho e ainda Bernardo Figueiras, dois brasileiros e ainda um neo-zelandês, um australiano e o representante tahitiano.
Pedro Velhinho acalenta esperança de melhorar o 5º lugar que conquistou nas duas últimas edições dos Kneeboard Surfing World Titles, mas parece que os atletas espanhóis se estão a adaptar muito bem às difíceis condições que o mar da Costa Nova, em Ílhavo, tem apresentado, muito por influência da tempestade Danielle.
Quanto a melhores resultados, o norte-americano Samuel Coyne voltou a fazer a melhor onda do dia, desta feita alcançando 8.00 pontos, logo seguido do compatriota Kevin Skvama, que conseguiu uma onda a que os juízes atribuíram 7.50 pontos.
Quem já não está nesta fase da competição, mas que mereceu de todos os outros competidores uma estrondosa ovação, na passada segunda-feira, quando saiu do mar após ter sido eliminado na Ronda 1 do Open Men, foi Tomás Freitas.
O jovem, de 17 anos de idade, que se iniciou no surf apenas em 2019, tem espinha bífida e, apesar das limitações físicas, não temeu entrar num mar agreste e agressivo, com ondas entre os dois e os três metros, naquela que foi a sua estreia numa grande competição… e logo um Campeonato do Mundo!
Tomás Freitas iniciou-se no surf adaptado depois de experimentar canoagem e remo, numa iniciativa da Câmara Municipal de Viana do Castelo e da APPACDM local, intitulada «Náutica para Todos», que pretendeu promover a prática dos desportos náuticos junto da população portadora de deficiência.
O jovem, que este ano lectivo vai para o 12º ano e que pretende seguir Medicina Veterinária, tem entrado em alguns “campeonatos de menor dimensão” sempre em categorias de surf adaptado, sendo esta a sua estreia absoluta numa prova de nível mundial e também de kneeboard surfing.
“Quando comecei fazia surf deitado, tipo bodyboard, mas, depois, a Federação Portuguesa de Surf Adaptado sugeriu-me que surfasse de joelhos. Experimentei e gosto de surfar de joelhos, porque sinto-me mais perto do mar e com mais controlo sobre o que faço”, explica Tomás Freitas, que reconhece o stress por estar a entrar numa competição como os Kneeboard Surfing World Titles.
“Tenho entrado em eventos mais pequenos e não estou habituado a este ambiente, que é mais stressante para mim. No entanto, é uma nova experiência, que serve para eu poder evoluir no meu surf”, revela.
Já a estreia, em condições de mar extremamente exigentes…
“Foi complicado. Estava mesmo cacete! Estava muita corrente e… fui eliminado”, começa por dizer, acrescentando: “O mar eu não posso controlar, mas posso controlar o que faço. O mar não estava fácil, mas a salva de palmas que recebi na tenda dos outros atletas é um estímulo. Senti que ganhei algum respeito”.
O atleta do Surf Clube de Viana está na Costa Nova depois de aceitar o desafio do presidente da Associação de Surf de Aveiro, Pedro Velhinho, mas não espera nada e espera tudo da sua participação no título Mundial de Junior.
“Aprendi com um colega que não devo levar expectativas para os campeonatos, para não me desiludir. Vou apenas dar o meu melhor. A minha motivação para treinar durante todo o Verão foi vir a este campeonato. Treinei todos os dias, entre surf e remo, para conseguir o melhor resultado. Acima de tudo, estou aqui pela experiência”, assegura Tomás Freitas.
O jovem surfista, que tem disputado competições, essencialmente, em Espanha, conseguindo sempre ficar no pódio, deverá entrar em prova na Costa Nova amanhã, quando for para a água a categoria Junior.
A ronda 3 da categoria Open tem chamada marcada para as 7h30, para dar início à competição meia-hora depois.