Descobrir soluções para conservar o ameaçado berbigão na costa atlântica.

Uma parceria europeia em que participa a Universidade de Aveiro (UA) estuda "a evolução e os fatores de stress a que as populações de berbigão estão sujeitas, com vista à identificação de soluções de conservação". O berbigão proporciona uma grande riqueza para as comunidades costeiras na Área Atlântica, incluindo a Ria de Aveiro. Em três dias, 9, 10 e 12 de março, apresentam-se as conclusões do projeto COCKLES, em sessões online para públicos diferenciados.

A sessão de dia 9 é especialmente dedicada ao debate dos resultados na comunidade. Dia 10 a sessão dirige-se à indústria e decisores políticos e dia 12, haverá uma sessão dedicada à população escolar e outra para a comunicação social.

O projeto COCKLES – “Co-operation for Restoring Cockle Shellfisheries and its Ecosystem Services in the Atlantic Area” (http://www.cockles-project.eu/) procura restaurar a produção e os serviços proporcionados por este recurso emblemático, ameaçado por patologias e uma gestão ineficiente. O desenvolvimento da aquacultura, de estirpes resistentes e a recuperação de stocks com otimização da gestão e das capacidades das partes interessadas, como pescadores e produtores, contribuirá para a valorização dos serviços do ecossistema e para o desenvolvimento das economias costeiras na Área Atlântica.

As populações de berbigão nas Rias Galegas têm vindo a ser seriamente ameaçadas por um parasita que afetou, sobretudo uma das rias, mas que já começou a afetar a população de uma outra. Até agora o parasita não foi identificado nas populações de outras regiões da área atlântica, explica Rosa Freitas, professora do Departamento de Biologia da UA, membro do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e coordenadora da equipa da UA.

Dados recolhidos pela equipa ao longo dos últimos seis anos, afirma ainda a investigadora, mostram que no caso da população de berbigão da Ria de Aveiro a principal ameaça resulta da sobre-exploração do stock e não da ocorrência de doenças.

A grande maioria do volume de berbigão apanhado na Ria de Aveiro é exportado, nomeadamente para a Galiza, para comercialização do miolo, sendo por isso um importante recurso económico para a população da região de Aveiro. Interessa, portanto, preservar e valorizar este recurso biológico, salienta Rosa Freitas.