O produtor cultural Vasco Sacramento teme pelos efeitos da pandemia na cultura e diz que voltar aos níveis de 2019 pode demorar bem mais do que espera com efeitos demolidores para o setor.
“Isto já não é uma crise, é uma catástrofe cultural. Isto já não é uma pandemia, é um genocídio de alguns sectores profissionais, com a cultura à cabeça. No início da pandemia disse, numa entrevista, que demoraria anos a reerguer o sector. Estávamos em Março de 2020. Agora, em Dezembro de 2021, começo a pensar que já não verei, no tempo de profissão que me resta uma indústria cultural e musical tão forte e dinâmica como vi em 2019”.
A declaração do produtor aveirense que gere carreiras e tem a seu cargo a programação do Capitólio, em Lisboa, assenta nos dados de 2020 que reportam uma quebra de cerca de 85% nos públicos.
Admitindo que terá havido recuperação em 2021, Vasco Sacramento explica que só a ação dos promotores culturais públicos permitiu amortecer consequências mais dramáticas.
Mas entende que tal não é suficiente. E é sob a forma de apelo que o produtor encerra o ano.
“Este país deve muito amparo e mimo a esta gente. Não se trata somente de ter as contas pagas. É de saúde mental, de auto-estima e de valorização que estamos a falar. De uma situação de verdadeiro stress pós-traumático. É de levantar estes profissionais do chão de angústia em que estão mergulhados. Não queremos caridade. Só queremos trabalhar. Não deixem ficar para trás, quem sempre levou este país para a frente”.