Jorge Campos Henriques afirma que o espólio de obras de Eça de Queiroz seguiu para Vila do Conde e o acervo documental sobre o Conselheiro Joaquim José de Queiroz, sobre a revolta liberal de 16 de Maio de 1828 e uma pequena biblioteca sobre o liberalismo, seguem para o Ephemera, Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira.
Em texto divulgado nas últimas horas o colecionador revela ter durante muitos anos constituido um acervo documental sobre Eça de Queiroz e que teve a intenção de fazer a sua doação à Câmara de Aveiro para que o mesmo pudesse integrar a biblioteca e o núcleo museológico a ser instalado num “Solar dos Queirozes” em Verdemilho.
Afirma que esperou mais de cinco anos por uma resposta que atravessou o segundo mandato de Élio Maia e o primeiro de Ribau Esteves e que chegou o momento de dar futuro ao espólio entregando nas mãos de Pacheco Pereira esses documentos.
Parte da documentação seguiu para Vila do Conde onde Eça de Queiroz foi batizado e viveu os primeiros anos da sua infância. “Estudados e catalogados esses documentos e objectos irão ocupar um espaço na casa onde viveu Antero de Quental e que é propriedade da edilidade vilacondense”, refere João Henriques.
Desse espólio fazem parte 176 edições do romance Os Maias publicadas em 22 países (inclui todas as edições publicadas em Portugal desde a sua primeira edição em 1888), quase uma centena de edições do romance O Crime do Padre Amaro, a colecção completa da Revista de Portugal que Eça de Queiroz dirigiu entre 1889-1892 (comprada no Brasil), fascículos originais de As Farpas, muitas centenas de títulos de bibliografia activa e passiva, centenas de documentos, dossiers, iconografia e audiovisuais relacionada com o escritor.
Desiludido pela falta de respostas e crítico da colocação de um monumento a homenagear Eça de Queiroz como centro da rotunda do Botafogo, na EN109, João Henriques diz que vira a página com lamento pela falta de recuperação da casa do avô de Eça e da sua valorização com conteúdos queirosianos.
“Até à data, e cinco anos passados, não tive qualquer contacto nem qualquer manifestação de interesse em receber aquele acervo. Não o receberam e também já não o receberão. Acabou por ser oferecido ao Ephemera – Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira. Revendo o que a autarquia (não) tem feito para inscrever Aveiro no roteiro queiroziano, sinto-me na obrigação de afirmar estar muito feliz e satisfeito por este meu espólio que reuni, com muito empenho durante muitos anos, não ter ficado em Aveiro e muito sensibilizado e agradecido a quem os quiz receber”.