Há 120 anos... um eclipse solar
 
Há 120 anos... um eclipse solar
8 abril 2020
Vitor Bonifácio, Investigador do CIDTFF da Universidade de Aveiro
Contacto: https://www.ua.pt/fis/person/10315577; vitor.bonifacio@ua.pt
Aproveito esta ocasião para relembrar as observações de um eclipse solar realizadas na nossa região há aproximadamente 120 anos.
No dia 8 de maio de 1900 saíram, do observatório de Greenwich, com destino a Southampton, as tendas e a maior parte dos instrumentos. Três dias depois partiram os observadores levando, como bagagem de mão, o delicado espelho de 16 polegadas de diâmetro e duas caixas de placas fotográficas. Os cálculos tinham sido efectuados há anos e a preparação iniciara-se há meses. Definiu-se um programa científico que incluía fotografias detalhadas da corona e do espectro solar. Escolheu-se uma localização geográfica com probabilidade de ocorrência de bom tempo. Na manhã do dia 17 chegaram a Ovar, entre outros, o diretor do observatório de Greenwich, William Christie, e o seu sucessor no cargo, Frank Dyson, que, anos mais tarde, viria a desempenhar um papel fundamental nas expedições britânicas de 1919 que confirmaram a deflexão da luz prevista por Albert Einstein. A linha de caminho de ferro, uma das revolucionárias comodidades do século XIX, facilitou o transporte dos instrumentos e trouxe muitos curiosos à vila de então. De entre as estimadas 25 000 pessoas, a história regista, por exemplo, a presença dos príncipes D. Luís Filipe e D. Manuel que ficaram alojados nos paços do Concelho e de alguns membros da British Astronomical Association, entre os quais se encontrava o advogado, astrónomo amador e divulgador de ciência George Chambers.
O eclipse de 28 de maio de 1900 iniciou-se no oceano Pacífico, passando a sombra da Lua pelo México, Estados Unidos da América, oceano Atlântico, Portugal, Espanha, Argélia, Tunísia, Líbia, terminando no Egito. A sombra entrou no continente europeu na costa portuguesa, passando a linha central por Ovar. O eclipse total foi visto da Gafanha da Boa Hora a Matosinhos. Em Viseu encontravam-se as expedições do Observatório da Universidade de Coimbra, da Escola Politécnica de Lisboa e da Escola Naval. No interior a sombra passou, ainda, pela Guarda e Covilhã.
O dia nasceu soalheiro e com o céu limpo. No entanto, o aparecimento posterior de algumas nuvens altas causou apreensão no acampamento britânico. Conforme previsto a Lua interpôs-se entre a Terra e o Sol e realizaram-se, com sucesso, as observações exaustivamente ensaiadas.
Os eclipses do Sol, que anteriormente provocavam o pânico das incautas populações, passaram a ser objeto de tranquila observação e até serviam de pretexto a agradáveis excursões. A diferença entre estas duas opostas abordagens deve-se à ciência... e à educação.
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