A Universidade de Aveiro regista patente de produção de pasta magnética biocerâmica para impressão 3D.
Uma equipa da Universidade de Aveiro (UA), composta por Tânia Carvalho (aluna de doutoramento), Susana Olhero (líder da equipa) e pelas investigadoras Paula Torres e Nilza Ribeiro, desenvolveu uma pasta magnética biocerâmica para impressão de componentes por manufatura aditiva, bem como o respetivo método de produção, ambos alvo de concessão de patente nacional.
A nova pasta pode ter aplicação em tratamentos ósseos, sendo para tal necessários estudos ainda não realizados.
Estas pastas permitem desenvolver componentes 3D porosos à base de biocerâmicos (fosfatos de cálcio), biocompatíveis, bioativos e biodegradáveis, capazes de promover a regeneração óssea quando colocados num defeito ósseo, usando um único passo no processo de fabrico.
A pasta contém na sua composição: cálcio, fósforo e ferro e elementos constituintes do osso natural que ajudam na reparação óssea.
Para além da função regenerativa, as propriedades magnéticas da pasta e das estruturas impressas permitem o tratamento de cancro localizado por hipertermia (aquecem localmente matando células cancerígenas), não afetando as células benignas.
De realçar ainda que as estruturas impressas obtidas com esta pasta compósita não necessitam de ser submetidas à etapa de tratamento térmico (comum em cerâmicos), o que permite a incorporação na pasta de agentes ativos como fármacos ou outras biomoléculas importantes para o tratamento e/ou regeneração do tecido ósseo. Fala-se, portanto, de pastas que dão origem a estruturas 3D com múltiplas funções e com elevado controle da estrutura e composição.
A equipa de investigação, com membros do CICECO- Instituto de Materiais de Aveiro e do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC), detalha as possíveis aplicações.
“A presente invenção consiste em pastas magnéticas biocerâmicas, com propriedades adequadas para impressão por técnicas de manufatura aditiva por extrusão, com as funcionalidades de promoção da regeneração e reconstrução de tecido ósseo e tratamento de cancro por hipertermia, quando aplicado um campo magnético externo. Podem ainda servir de suporte de agentes ativos na terapêutica de doenças ósseas localizadas, tais como fármacos, fatores de crescimento e outros agentes para tratamento de cancros que metastizem no osso.”
Tendo em vista a proteção dos resultados de I&D desenvolvidos por investigadores da UA, esta tecnologia foi alvo de proteção através de pedido de patente, tendo este sido concedido recentemente a nível nacional. A tecnologia que se encontra patenteada foi desenvolvida no âmbito do projeto “2BBoneDesenvolvimento de biomateriais não sinterizáveis à base de fosfatos de cálcio com bifuncionalidade: regeneração e tratamento de cancro ósseo”, liderado por Susana Olhero (professora do DEMaC) e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do SAICT - Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (PTDC/CTM-CER/29940/2017), projeto este concluído em 2022.
Texto e foto: UA