UA desenvolve novos materiais biocompósitos condutores de eletricidade.

Uma equipa de investigação do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro, composta por Ana Barra e pelas investigadoras Cláudia Nunes e Paula Ferreira, em colaboração com o Instituto de Ciências de Materiais de Madrid, desenvolveu, no Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro, um portfólio de materiais biocompósitos condutores de eletricidade.

Estes novos materiais podem ser processados em diversas formas, como películas, espumas, revestimentos, filamentos ou tintas, despertando o interesse de várias indústrias e áreas do conhecimento.

A investigadora e coordenadora da equipa, Paula Ferreira, explica as vantagens dos novos materiais biocompósitos: “A título de exemplo, na área alimentar, as películas condutoras de eletricidade podem ser incorporadas em certas partes de uma embalagem alimentar, tornando-a condutora, o que poderá permitir a esterilização dos produtos alimentares dentro da embalagem a uma temperatura muito mais baixa em comparação com as temperaturas atualmente utilizadas nos processos de pasteurização. Estes materiais condutores flexíveis podem também ser utilizados no desenvolvimento de sensores para monitorização da
qualidade dos alimentos."

Estes novos materiais, refere ainda, visam responder a uma necessidade identificada em vários mercados, relacionada com a escassez de materiais flexíveis, condutores de eletricidade ambientalmente sustentáveis. 

Com isso em mente, afirma a coordenadora da equipa, os biocompósitos foram concebidos a partir de resíduos da indústria alimentar e argilas naturais, utilizando processos de fabrico de baixo consumo energético e baixa toxicidade. 

Esta abordagem coloca os biocompósitos como uma alternativa viável aos materiais condutores tradicionais, oferecendo benefícios tanto ambientais quanto económicos.

Entre as potenciais aplicações destes materiais desenvolvidos na UA, destaca-se a possibilidade de aplicar um processo inovador de “pasteurização a frio” a alimentos já embalados, sem a necessidade de ambientes asséticos, prolongando o seu prazo de validade sem comprometer as suas propriedades nutricionais e sensoriais. 

Estes materiais poderão também servir para esterilizar dispositivos biomédicos a temperaturas mais baixas e eventualmente compatíveis com materiais termicamente sensíveis.

Esta tecnologia foi desenvolvida no âmbito do doutoramento em Nanociências e Nanotecnologia da estudante Ana Barra, realizado em colaboração com a instituição de investigação espanhola acima referida.

A Universidade de Aveiro, através da UACOOPERA, já submeteu um pedido provisório de patente a nível nacional e avançou com a internacionalização da proteção via PCT (Patent Cooperation Treaty), o que abre a possibilidade de uma proteção alargada a vários territórios de interesse.