A recente polémica à volta das Listas de Espera em Cirurgia no Centro Hospitalar do Baixo Vouga "careceria da nossa parte de uma instauração de processos crime". A afirmação é de José Afonso, Presidente do Conselho de Administração do CHBV. A Administração do Hospital de Aveiro sempre negou qualquer manipulação na espera por cirurgias.
Entrevistado esta tarde pela Terra Nova disse que "alguns órgãos de Comunicação Social ultrapassaram o limiar da boa convivência e do entendimento que as instituições têm. As notícias afectaram as instituições e pretenderam ferir a minha honra pessoal mas, não chegam cá, não chegam cá", vincou.
"Foram notícias sem sentido nenhum que criaram celeuma enorme, desnecessária", referiu. Na sequência dos 'rumores' o Ministro da Saúde "mandou para aqui uns inspectores para avaliarem a situação e para verem se há dupla facturação, duplos benefícios e prejuízos para os doentes. Nós estamos convictos que não há prejuízo nenhum para os doentes, não funcionamos na base da dupla facturação, nós não enganamos a tutela e também não nos enganamos a nós próprios". O inquérito está a decorrer "e depois os resultados serão divulgados". "Não vamos demonstrar aquilo que as primeiras páginas de alguns jornais, rádios e TV´s fizeram com intuitos, não diria persecutórios mas que ultrapassaram a liberdade de expressão. Dizerem que nós enganamos os doentes, isso é um disparate. A prova do contrário é que os doentes, na base de um estudo feito pela UA, 94, 7 por cento, aprovam e recomendam os nossos serviços. O resultado do nossos trabalho é muito bom, estamos satisfeitos. Os maledicentes que apresentem propostas para fazerem parte da solução dos problemas. Não somos aquilo que alguns dizem que somos", referiu.
Esta tarde o Hospital de Aveiro foi visitado por um grupo de parlamentares comunistas que estiveram no Serviço de Urgência e reuniram com a Administração do CHBV.
José Afonso sublinhou que o Hospital "é uma instituição aberta e não está sozinha na tentativa de resolução dos problemas no 'sistema'". "Só pretendemos ajudar os 400 mil habitantes" na região abrangida pelo Centro Hospitalar. "Temos uma estratégia de acção e não queremos resolver os problemas 'contra as pessoas', é para as pessoas que direccionamos o nosso trabalho. Esta visita do PCP foi feita com cordialidade e transparência. Eles perceberam que estamos a trabalhar para solucionar os problemas". As Urgências "estão normais, a correr bem, a equipa médica e os técnicos 'drenam' convenientemente os doentes. Não tem nada de dantesco. Temos equipas motivadas e não saturadas", disse.
João Oliveira, líder parlamentar do PCP falou das "conhecidas dificuldades que os doentes sentem, a nível nacional, no acesso à Urgência". Em Aveiro "pode estar tudo bem organizado mas se os recursos humanos são deficitários, não se dá uma boa resposta aos doentes", sublinhou. "Há critérios de saúde que não são compatíveis com critérios economicistas . Os recursos humanos não têm estabilidade para trabalhar. A actual política de saúde do Governo é negativa para os doentes. Não há política de saúde que resista à desqualificação dos profissionais. A política de recursos humanos é indispensável para um bom trabalho nos Hospitais". Uma resposta estrutural "é essencial". "O Governo está a criar problemas" ao Serviço Nacional de Saúde.