Simulador mostra que condutores portugueses sentem-se mais confortáveis em autoestrada.

Os condutores portugueses sentem-se mais confortáveis a conduzir os seus veículos em autoestrada do que em ambientes urbanos, onde têm pior desempenho em termos ambientais.

Esta é uma das conclusões de um estudo do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Universidade de Aveiro (UA) que utilizou um simulador de condução para tirar o retrato aos condutores portugueses e educá-los para uma condução mais segura e ecológica.

Segundo dados da Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária, entre janeiro e dezembro de 2021 registaram-se 30.691 acidentes com vítimas em Portugal, dos quais resultaram 401 vítimas mortais, 2.297 feridos graves e 35.877 feridos leves.

O tipo de infração mais frequente foi o excesso de velocidade, sendo uma das principais causas de acidente o comportamento do condutor.

Numa tentativa de estudar padrões de condução, uma equipa de investigadores da UA efetuou uma investigação que avalia o comportamento do condutor através da definição de casos de estudo com recurso a um simulador de condução pertencente ao Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA) do DEM, onde vários participantes realizaram testes de condução em diferentes cenários.

Os voluntários foram convidados a utilizar um smartwatch para registo de dados relativos à frequência cardíaca para análise a stress durante a condução. No total, a investigação contou com um total de mais de 42 mil segundos de dados obtidos.

Esta investigação, no âmbito de uma dissertação de mestrado, foi orientada pelas investigadoras Eloisa Macedo e Margarida Coelho, do TEMA, e deu origem à publicação de um artigo científico na conferência internacional TIS Roma 2022.

Este trabalho tem ainda como objetivo o apoio na elaboração de políticas de segurança rodoviária e na sensibilização do condutor, através de medidas para reduzir a volatilidade da condução, a agressividade nas manobras e a emissão de poluentes durante a condução.

Segundo Margarida Coelho, diretora de Curso do Mestrado em Mobilidade Inteligente e coordenadora da equipa que desenvolve investigação neste domínio no DEM, esta investigação permitiu realizar múltiplas abordagens.

Em particular, analisou-se a correlação do comportamento do condutor (nomeadamente, a agressividade durante a condução) com os impactes do ponto de vista de segurança e emissões. Foram igualmente comparados diferentes ambientes de condução (urbano, estrada nacional e autoestrada), com particular atenção a singularidades da via (lombas, semáforos, passadeiras, entre outras).

Os resultados da investigação indicam que os condutores se sentem mais confortáveis a conduzir o seu veículo em autoestradas do que em ambientes urbanos, onde têm pior desempenho em termos ambientais. Para além disso, os participantes demonstraram apresentar reações similares às mesmas situações, mesmo tendo estilos de condução diferentes.

Em particular, a análise das singularidades indicou que sinais de paragem, lombas e situações imprevisíveis como animais ou peões a atravessar a estrada (fora da passadeira) estão normalmente associadas a acelerações e travagens bruscas e são condições que estão associadas a elevadas emissões de poluentes.

“A indústria automóvel tem vindo a lançar veículos com consumos de combustível, emissões de Dióxido de Carbono e emissões de gases poluentes cada vez menores, mas os condutores têm um papel muitíssimo relevante (através do seu comportamento na estrada) na redução da emissão de gases e na promoção de uma maior segurança rodoviária”, aponta Margarida Coelho.

“A antecipação das decisões, o cumprimento dos limites de velocidade, uma condução suave a uma velocidade o mais constante possível, evitando acelerações/desacelerações e travagens bruscas são algumas das formas de desenvolver uma ecocondução”, diz a investigadora.

 

Texto e foto: UA