Carlos Jorge Silva, especialista em estudos demográficos do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, defende que a imigração pode ajudar a combater a desertificação do interior. Segundo o investigador, o envelhecimento do interior do país pode ser contrariado com a chegada dos refugiados da guerra síria.
A receber os migrantes, a faixa do interior do país de Trás-os-Montes ao Alentejo, onde há regiões que estão entre as dez mais envelhecidas da Europa, “pode ver revertida a tendência com o facto dos refugiados serem maioritariamente constituídos por casais jovens, muitos com filhos, contribuindo diretamente para um maior equilíbrio entre os grupos etários dos mais idosos e os dos mais jovens”.
A opinião é de Carlos Jorge Silva, especialista em estudos demográficos da Universidade de Aveiro (UA), que, para ajudar a contornar a crise de natalidade, aponta ainda que Portugal poderia receber cinco vezes mais do que os 4500 refugiados previstos.
“Se pensarmos que 4500 pessoas representam apenas 0,04 por cento da população portuguesa atual, estamos a falar de uma gota de água no oceano”, aponta Carlos Silva, coautor do livro “A Demografia e o País: Previsões Cristalinas sem Bola de Cristal”, que, lançado em setembro, prevê que a faixa do interior do país, de Trás-os-Montes ao Alentejo, a manter-se a atual tendência da evolução do índice de fecundidade em Portugal e não havendo migrações, pode perder em 2040 um terço da população atual.
De facto, lembra, “a verdadeira ‘sangria’ de população ocorreu por via da saída massiva do país, sobretudo dos cerca de 100 mil jovens por ano”. Portanto, a crise demográfica portuguesa “é apenas marginalmente contrariada pela entrada de um número de refugiados na ordem de grandeza que tem sido referida nos media”.