Projeto LIFE aponta bacteriófagos como alternativa aos antibióticos na aquicultura.
Um projeto em que participaram investigadores da Universidade de Aveiro (UA) mostrou resultados promissores quanto ao uso de bacteriófagos (ou fagos), organismos que infetam e destroem bactérias patogénicas, na aquicultura, em alternativa aos antibióticos.
O LIFE-Enviphage, projeto LIFE financiado pela Comissão Europeia e coordenado pela empresa AZTI, mostrou que os fagos não afetam significativamente as comunidades bacterianas naturais, são uma “alternativa viável” e não apresentam risco para animais.
Os bacteriófagos (ou fagos) são vírus que infetam e destroem bactérias específicas. Nos últimos anos, os bacteriófagos têm sido sugeridos como uma alternativa aos antibióticos na aquicultura.
Têm sido obtidos resultados muito promissores em laboratório mas, para o seu uso a nível industrial, era necessário avaliar o impacto ambiental dos fagos, especialmente na ecologia bacteriana, antes de propor o seu uso na industria aquícola. O projeto LIFE-Enviphage, iniciado em 2014 e concluído em 2017, procurou responder a esta lacuna existente entre o laboratório e o tratamento à escala industrial.
Os resultados da terapia fágica com o bacteriófago AS-P1, específico para Aeromonas salmonicida que é o agente causador da furunculose em peixes, mostram que esta terapia não tem implicações para o meio ambiente, que é uma alternativa eficaz para reduzir/eliminar a bactéria A. salmonicida em pisciculturas e que a produção é possível a nível industrial.
Além disso, os modelos utilizados sugerem que este bacteriófago não apresenta efeitos negativos para o peixe. Com este projeto mostrou-se ainda que a produção em escala industrial de bacteriófagos é atualmente uma tecnologia viável.
Ao longo do projeto, foi desenvolvido um método para avaliar o impacto ambiental do uso de bacteriófagos em aquicultura. Este método pode ser considerado uma orientação para desenvolvimentos futuros.
As autoridades locais dispõem agora de uma série de recomendações para avaliar o efeito dos fagos no meio ambiente e nos microrganismos do trato intestinal dos peixes. O método terá ainda de ser aprovado pelas autoridades competentes para poder ser usado industrialmente.
Para além da equipa de investigadores da UA, coordenada por Adelaide Almeida, do Departamento de Biologia, e da empresa líder (AZTI), participaram também a Piscicultura Aquacircia de Aveiro e a empresa Biopolis.
Texto e foto: UA