Centena e meia de profissionais de saúde dos Hospitais de Aveiro, Águeda e Estarreja estiveram hoje frente ao Hospital de Aveiro numa manifestação silenciosa "contra a situação social interna do Centro Hospitalar do Baixo Vouga".
Empunhando cartazes onde se lia "não ao medo" e se pedia a dois vogais demissionários do Conselho de Administração para reconsiderarem, a manifestação teve a participação de médicos, enfermeiros e auxiliares das três unidades que integram o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) e ainda a presença de antigos administradores do Hospital de Aveiro.
O protesto foi convocado para a entrada principal do Hospital de Aveiro, após ser conhecido o pedido de demissão dos vogais do Conselho de Administração Pedro Oliveira e Ana Lúcia, numa manifestação de solidariedade de funcionários e colaboradores daquele Centro Hospitalar.
Célia Oliveira, uma das organizadoras, disse à Lusa que os dois administradores demissionários têm sido os únicos a manter o diálogo com os profissionais, e que se vive nos Hospitais do Baixo Vouga um clima de "medo e intimidação". "O que pretendemos é que os vogais Pedro Almeida e Ana Lúcia não se afastem desta instituição porque tem sido apenas com eles que nós conseguimos dialogar. Sempre procuraram atender aos anseios, preocupações e aos problemas da instituição, que são veiculados pelos seus profissionais", explicou Célia Oliveira.
De acordo com aquela clínica, é "entendimento coletivo" que se esses dois administradores saírem se agrava a dificuldade de relacionamento dos profissionais com a administração. "Fica ainda maior o fosso que nos separa dos corpos diretivos e é isso que as pessoas que aqui estão não querem. Estão aqui médicos, auxiliares e enfermeiros das três unidades, porque o protesto, em que estamos todos juntos, é transversal a todas as classes profissionais", disse.
Segundo Célia Oliveira, existe "um descontentamento muito grande devido à degradação dos serviços e à ameaça de processos disciplinares" aos profissionais que não se conformam. "Os serviços têm falta de material clínico, falta de meios humanos, falta de meios complementares e de coisas essenciais à prática clínica diária. Há material obsoleto e degradado que não é substituído e assistimos a alguns investimentos que não são prioritários e nem sequer são de utilização clínica, ou para a população que servimos", exemplifica.
As ameaças são alegadamente feitas por membros do Conselho de Administração e alguns diretores de serviço por este nomeados, "perante a discordância com as opções tomadas ou relativamente a algumas orientações".
Fonte: Lusa.