Um biomaterial com forma controlada e capacidade de modular o ambiente imunológico localmente, desenvolvido com intuído gerar benefício no contexto de terapias de modulação localizada do sistema imunitário, foi objeto de pedido europeu de patente.
O trabalho decorreu no grupo de investigação COMPASS liderado por João Mano, professor do Departamento de Química (DQ) da Universidade de Aveiro (UA) e membro do laboratório associado CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro.
Esta tecnologia pretende atuar como uma plataforma para o tratamento de tecidos localmente inflamados e/ou alvo de rejeição imunológica em contextos de trauma, doença autoimune ou em caso de transplantação.
O desenvolvimento do biomaterial foi coordenado pela investigadora Mariana Oliveira e contou ainda com a participação da aluna de doutoramento Ana Rita Sousa.
“Os medicamentos imunossupressores sistémicos e anti-inflamatórios clássicos atuam de forma não localizada e não específica, tendo efeitos prejudiciais na saúde dos doentes devido à necessidade de toma prolongada em várias doenças inflamatórias, assim como no contexto de transplantação de órgãos e tecidos”, afirma Mariana Oliveira.
“Os mecanismos de ação dos produtos desenvolvidos com esta invenção pretendem gerar benefício como terapias imunossupressoras, anti-inflamatórias e pró-regenerativas localizadas, com potencial para controlar especificamente os componentes do sistema imunitário que provocam a reação inflamatória indesejada, permitindo, por exemplo, a redução do uso de medicamentos imunossupressores sistémicos clássicos, facilitando a indução de aceitação de órgãos ou tecidos transplantados, ou a regeneração de tecidos”, explica.
O desenvolvimento do trabalho correu no âmbito do projeto TranSphera – “Cápsulas esféricas multicompartimentalizadas de alto rendimento para a transplantação de coculturas multimodais de células estaminais derivadas do tecido adiposo e ilhotas pancreáticas” POCI-01-0145-FEDER-030770, da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), coordenado por Mariana Oliveira, investigadora do CICECO e do grupo COMPASS.
A tecnologia foi alvo de um pedido de patente nacional, tendo-se avançado com a proteção internacional, no contexto europeu, sendo ainda possível futuramente a proteção alargada desta tecnologia noutros territórios.
Texto e foto: UA