A Milha - Festa da Música e dos Músicos de Ílhavo decorreu este fim-de-semana, de 1 a 3 de novembro, em Ílhavo e na Gafanha da Nazaré. Ao longo de três dias, apresentaram-se oito espetáculos e um documentário, quatro dos quais em estreia absoluta.
Destaque para os projetos comunitários que marcaram esta edição, à semelhança das anteriores, e que convocaram centenas de pessoas da comunidade da região para o palco: o Coro da Madrugada, a Orquestra do Mar e a nova criação da Companhia Jovem de Dança de Ílhavo. A vereadora Mariana Ramos, responsável pelo pelouro da Cultura e Criatividade do Município de Ílhavo, afirma que esta festa e todo o programa que promove é uma “aposta em projetos locais e projetos de continuidade, pilar de uma política cultural que nasce e cresce de dentro para fora, focada em estimular a formação dos jovens nas mais diversas disciplinas artísticas e promovendo a sua evolução com o contributo de todos os artistas que aceitam o desafio de criar com a comunidade no nosso território”.
O Coro da Madrugada apresentou o espetáculo “Uma Nova Manhã” com canções do pós-25 de Abril de nomes como Sérgio Godinho, Jorge Palma, Fausto Bordalo Dias ou José Mário Branco. Cinco dezenas de pessoas da comunidade, dos 7 aos 80 anos, juntaram-se ao pianista Pedro Almeida na direção musical, à maestrina Aoife Hiney e a Luís António Freitas, que garantiu a direção vocal do coro.
A Companhia Jovem de Dança de Ílhavo apresentou “GINECEU”, dirigida pelo coreógrafo Luiz Antunes, que é também diretor pedagógico e artístico da Companhia, e aceitou o desafio de encabeçar a quinta criação do grupo que se renova todos os anos e que este ano juntou 14 intérpretes, dos 10 aos 27 anos, das escolas de dança do município (Fulldance Studio, IP Arabesque e Casa do Povo da Gafanha da Nazaré), mas também no resultado da convocatória que se abriu pela primeira vez a bailarinos e bailarinas de todo o país. O espetáculo, que refletiu sobre o conceito de liberdade e sobre o papel da mulher ao longo da História, contou com a participação de outros artistas locais como Henrique Portovedo na composição musical, Joel Reigota nos figurinos e João Brito no desenho de luz. Na edição de 2025, está garantido o convite à coreógrafa Tânia de Carvalho para assumir a criação.
A segunda edição da Orquestra do Mar convidou Samuel Úria para interpretar o disco “Uma Canção para a Europa”, de Carlos do Carmo. A Orquestra do Mar é formada por músicos da PRAIA e das escolas de música do município que respondem ao desafio e foi composta, este ano, por vinte músicos de diferentes idades e experiências musicais. Além do disco de Carlos do Carmo, cantaram-se outras canções lançadas no mesmo ano do álbum, 1976, de nomes como Banda do Casaco, Sérgio Godinho ou Tozé Brito, escolhidas por Samuel Úria.
A Milha, organizada pelo Município de Ílhavo, através do projeto cultural 23 Milhas, promove o trabalho de músicos e artistas ilhavenses em diversas áreas e ativa o programa de apoio à produção local que decorre todo o ano atrás da PRAIA, plataforma de registo de artistas ilhavenses.
Foram apresentados três Encontros PRAIA, que juntaram este ano Charles Lazer e Vitória Wilkens, Adriana Grego, Jorge Anjos, Micael Lourenço e Xumiga e ainda Feed The Horse e Projecto X.X, no âmbito dos quais foi apresentado um documentário sobre esse processo, realizado por Gonçalo Almeida. No contexto da PRAIA, esta edição fica marcada pela estreia absoluta do Ayela, projeto a solo de Daniela Amaral Cardoso, que atuou no subpalco da Casa da Cultura de Ílhavo e apresentou as suas primeiras canções de pop e música eletrónica alternativa, com influências da música tradicional portuguesa e com um cariz interventivo. Nota para o concerto de Guilherme Fradinho, também inscrito na PRAIA, que apresentou os seus originais em quinteto, a fechar a noite de sábado. Todos os artistas naturais ou a residir e ou a trabalhar em Ílhavo podem inscrever-se na PRAIA, a partir do site do 23 Milhas.
A Milha - Festa da Música e dos Músicos de Ílhavo, cujo manifesto desta edição afirmava que “uma comunidade que se junta para criar tem a força bruta de uma revolução”, cumpriu-se enquanto festa da comunidade e da criação, mas também reforçou a cantiga como arma e a celebração dos 50 anos do 25 de Abril.