O salão nobre dos Paços do Município encheu para a apresentação pública do livro e do documentário que registam, para memória futura, a recriação “A Vida dos Cais”. Ação realizada no âmbito das comemorações dos 89 anos da criação do Concelho da Murtosa.
A recriação, que teve lugar no passado dia 12 de julho, na Ribeira do Gago, na Freguesia do Bunheiro, organizada pelos ranchos folclóricos “As Andorinhas de São Silvestre” e os “Os Camponeses da Beira-Ria”, teve por objetivo resgatar da memória um tempo em que a Ria de Aveiro era a verdadeira autoestrada da região, por onde tudo chegava e partia, e mostrar a azáfama dos inúmeros cais mercantis da do território marinhão, quando, devido à sua localização geográfica no coração da laguna, a Murtosa era uma das mais importantes plataformas comerciais da região aveirense.
O Presidente da Câmara Municipal da Murtosa, Joaquim Baptista, abriu a sessão, agradecendo a presença de todos e, de um modo especial, de muitos daqueles que participaram na recriação Lembrou que “A Vida dos Cais” se inseria na estratégia de materialização de iniciativas que visam o conhecimento e valorização do património identitário do povo Marinhão, de que são exemplos as recriações do “Ciclo do Milho” (2011), do “Ciclo do Linho” (2012), do “Chinchorro com lanços para a borda e da Xávega com juntas de bois marinhões” (2013) e do “Grande Cortejo Etnográfico da Terra Marinhoa” (2014).
O edil Murtoseiro expressou a sua gratidão a todos aqueles que contribuíram para enorme sucesso da recriação, nomeadamente os elementos dos ranchos organizadores e os arrais e proprietários das embarcações tradicionais, frisando a importância do seu trabalho na afirmação da Murtosa no contexto da Ria de Aveiro.
De seguida, usou da palavra o Vice-Presidente da Câmara Municipal da Murtosa, Januário Cunha, que apresentou, de forma sucinta, o livro e o vídeo da recriação, realçando as três características fundamentais do trabalho: primeiro, a apresentação da Ria de Aveiro como a grande via fluvial e, nesse contexto, a importância da Murtosa nos fluxos comerciais do início do século XX; em segundo lugar, a reprodução fiel dos vários quadros da recriação, com textos explicativos, simples e intuitivo que facilitam a compreensão, por parte dos leitores e espetadores, de todos os aspetos recriados e, por último, a afirmação da estratégia de revalorização da Ria de Aveiro, como elemento agregador de uma vasta região e “o papel fundamental que a Murtosa tem nesse processo de redescoberta coletiva de identidade”.
Frisou a importância dos registos, que passam a constituir um acervo documental disponível a todos os cidadãos, em particular aos jovens das escolas do Concelho, que assim podem tomar contacto com um conjunto de vivências que fazem parte da identidade social e cultural da comunidade onde se inserem.