A cidade de Águeda vai ter um sistema de previsão e alerta de inundações.
O projeto coordenado pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) da Universidade de Aveiro (UA) vai permitir avisar com uma antecedência de sete dias, através da internet e de alertas para dispositivos móveis, as autoridades e a população em geral para o risco de cheias na zona ribeirinha.
Com capacidade de poder ser utilizado em qualquer cidade do país, o sistema vai entrar em funcionamento a partir de finais de 2019.
“O Sistema de Previsão e Alerta de Inundações para a zona Urbana de Águeda (FFAS) dá resposta a vários desafios societais e mostra que as tecnologias da informação assumem um papel cada vez mais importante no desenvolvimento da sociedade, contribuindo para a inovação territorial e permitindo minimizar os danos resultantes dos perigos naturais”, explica Luísa Pereira, especialista em Ciências Geoespaciais da ESTGA e coordenadora do FFAS.
Com previsões a sete dias e atualizadas a cada seis horas, o FFAS utilizará modelos hidráulicos e hidrológicos suportados em informação geográfica da área de intervenção, em registos da altura da água do Rio Águeda medida em tempo real e em previsões de precipitação.
Quando estiver a funcionar, antecipa Luísa Pereira, docente da ESTGA, o sistema de alerta “irá contribuir para a redução dos custos diretos tangíveis e intangíveis, como os danos físicos em edifícios e infraestruturas, a perda de vidas humanas e de recursos ambientais, e dos custos tangíveis e intangíveis indiretos, como a perda de produção de empresas diretamente afetadas pelas inundações e a inconveniência no pós-inundação”.
Evitar que o cenário de 2016 se repita – no inverno desse ano a cidade foi atingida por uma das maiores inundações da história do município que resultaram em avultados prejuízos materiais - é um dos grandes objetivos da implementação do sistema de alerta que envolve uma parceria entre a ESTGA, os Institutos Politécnicos de Leiria e de Castelo Branco e a Câmara Municipal de Águeda.
De Águeda para todo o país
“As projeções das alterações climáticas sugerem que as inundações tendem a ser mais frequentes”, explica Luísa Pereira. Por isso, se cidadãos e serviços municipais tiverem acesso à informação antecipada de que uma inundação poderá acontecer em breve podem, respetivamente, “tomar as suas próprias medidas de prevenção e utilizar esta informação na mobilização de meios”.
Mas nem só Águeda pode beneficiar do FFAS. “O sistema de previsão e alerta de inundações desenvolvido pode ser implementado em qualquer outro local, desde que previamente se faça o levantamento da informação geográfica e a implantação do sistema de monitorização”, aponta Luísa Pereira.
O projeto, explica a investigadora, “envolve conhecimentos científicos e técnicos, nomeadamente relacionados com a telemetria, deteção remota, bases de dados para gestão de grande quantidade de informação e programação de sistemas de informação”. Para além disso, “é inovador na utilização de dados geográficos obtidos por drone, como LiDAR e imagens”.
Desvenda a investigadora da ESTGA que o sistema de informação, baseado principalmente em software open source, “recebe e processa dados meteorológicos e hidrométricos, previsões de tempo e o modelo de superfície topográfica, entre outros dados, para produzir mapas de previsão de inundação e níveis de alerta que serão disseminados via web, dispositivos móveis e SMS”.
Para além de Luísa Pereira, a equipa do FFAS é constituída pelos investigadores Fábio Marques (ESTGA), Paulo Fernandez (Instituto Politécnico de Castelo Branco), Sandra Mourato (IPL - Instituto Politécnico de Leiria), Miguel Tavares (Câmara Municipal de Águeda) e pelos bolseiros Manuel Venâncio (ESTGA), Jorge Matos (ESTGA) e João Pescada (IPL). O projeto tem ainda como colaborador Alfredo Rocha, das unidades de investigação da UA Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro e Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, e como consultor Chris Goodell, da empresa Kleinschmidt. O FFAS é financiado pelo Programa Operacional Regional do Centro na componente FEDER.
Texto e foto: UA