Os Festivais de Outono propõem, a 19 de novembro, um debate sobre o papel da música na comunidade e as práticas pedagógicas em diversos contextos. O ponto de partida é o projeto “Paluí” que deu origem a CD, espetáculos, livros e trabalhos em vídeo, sob direção de Helena Caspurro, professora da Universidade de Aveiro (UA). No dia seguinte, a FlutUA - Orquestra de Flautas da Universidade de Aveiro, apresenta Flutuações, um espetáculo inspirado no vaudeville exclusivamente online.
O ponto de partida para o debate de dia 19 de novembro, online, às 17h30, é a exibição do filme-concerto, que estreou durante os Festivais de Outono ficando disponível ao público até dia 26 de novembro, e do documentário (a estrear no dia 19), registam, respetivamente, produto artístico e processo realizado e apresentado, o primeiro integralmente, no Festival Ao Alcance de Todos, em abril de 2019, na Casa da Música.
O espetáculo, que é uma desconstrução musical da obra original, “Paluí”, constitui uma proposta de abordagem cénica da música através do drama, dança e projeção de imagem, congregando em palco mais de uma centena de pessoas. Tratou-se de um trabalho colaborativo de música na comunidade com dois propósitos paralelos. Por um lado, um propósito de investigação e intervenção em domínios como a inclusão social, pesquisa artística, educação e didática da música. Por outro, visou promover processos expressivos e de cocriação artística e transdisciplinar de alunos e docentes do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da UA, de diferentes áreas (música, design, comunicação). O espetáculo envolveu pacientes, enfermeiros e outros trabalhadores do Hospital Psiquiátrico de Magalhães Lemos, Porto, alunos e docentes de música da Escola Superior de Educação (ESSE) do Instituto Politécnico do Porto (IPP), músicos e artistas do Serviço Educativo da Casa da Música, e ainda do Centro de Infância, Arte e Qualidade de Aveiro (CIAQ). Resultou, portanto, da parceria de todas estas entidades.
Para Helena Caspurro, diretora artística de “Paluí” e investigadora integrada do Instituto Etnomusicologia – Centro de Música e Dança (INET-md), o debate reveste-se de particular interesse para alunos e educadores, dado que estarão em debate temas, tais como: a educação, a comunidade, a performance, a criatividade, a interdisciplinaridade, os estudos artísticos. Outros temas mais específicos, como o modelo de trabalho e o espetáculo apresentado, poderá ser inspirador para quem quer realizar projetos de intervenção artística de natureza criativa e transdisciplinar em qualquer escola de ensino musical e artístico e revestindo-se de interesse, portanto, para docentes e educadores não apenas da UA, mas que exercem atividade em conservatórios, academias, escolas do Ensino Básico, em áreas como a Educação Musical, Expressão Dramática, Artes Visuais, entre outras.
Para se assistir ao debate, à exibição do filme-concerto e ao lançamento do documentário bastará aceder à página dos Festivais de Outono, aqui, e clicar no link que em breve estará disponível e possibilitará o respetivo acesso. Para a visualização apenas do filme-concerto, ou seja, o espetáculo integral apresentado na Casa da Música, basta clicar na hiperligação indicada mais acima.
Groucho Marx afirmou, em 1927, que "Existe apenas uma escola para artistas no mundo que é a vaudeville. O ator legítimo e o ator de comédia musical nunca aprendem o segredo de entreter um público como o ator de vaudeville aprende. A razão é que a reação de um público no vaudeville é instantânea".
Para o espetáculo “Flutuações”, a 20 de novembro, pelas 19h00, exclusivamente online, a FlutUA - Orquestra de Flautas da Universidade de Aveiro - procurou inspiração no vaudeville. Procurou-se criar um espetáculo de entretenimento variado que desafia as limitações naturais e convencionais de uma atuação de orquestra de flautas, nomeadamente: diversidade de timbre modesta; espacialização sonora pré-definida; postura demasiado estática e falta de mobilidade dos músicos.
Para este fim, e em primeiro lugar, a escolha do repertório - composições ou arranjos encomendados - foi crucial para garantir uma grande diversidade de estilos - desde o clássico e contemporâneo à música popular e à música folclórica portuguesa. Em segundo lugar, o trabalho coletivo, desenvolvido em residências artísticas, permitiu criar um espetáculo sem interrupções onde tanto o som como a cena contribuem para manter o público suspenso em contínuas reações empáticas, afirma o coletivo FlutUA. “Estamos a propor um espetáculo invulgar e dinâmico em que também são exploradas dimensões cénicas: prometemos um elevado nível de performance de flauta combinado com movimento e dança, recriando um repertório que justapõe a música de contextos muito diferentes (contemporâneo, folclórico, tango, flamenco), todos fluindo sem interrupções construindo um espetáculo destinado a ser um tributo a vaudeville”.
O coletivo FlutUA foi fundado em 2004 e, desde então, tem tocado em inúmeros eventos, como Festivais de Música, Conferências Académicas, Convenções de Flauta, eventos sociais, concertos. Esta orquestra de flautas é composta maioritariamente por atuais alunos da UA, tanto de licenciatura como de pós-graduação, mas também por professores de flauta da UA e alguns dos seus antigos alunos, dependendo dos projetos.