Uma empresa de alunos e antigos alunos da Universidade de Aveiro inova na produção de grafeno e escolheu o Vougapark para se instalar. A Graphenest passa a trabalhar a partir de Sever do Vouga. Um novo método que permite produzir grafeno, a partir de grafite, e a um preço inferior ao praticado no mercado, constitui o centro de atividade da Graphenest, empresa em instalação no VougaPark, formada por antigos e atuais alunos da Universidade de Aveiro (UA).
O método tem vindo a despertar interesse de multinacionais na área da energia e eletrónica, com as quais a Graphenest tem vindo a estabelecer contactos. A empresa é participada pela Portugal Ventures, mereceu o apoio do Passaporte para o Empreendorismo e a ideia de negócio já foi premiada pela Dow Portugal em 2014.
A ideia surgiu a partir do insatisfação em relação à performance das atuais baterias de lítio. Curioso, Vítor Abrantes, licenciado em Tecnologia e Design de Produto, pela Escola Superior Aveiro Norte (ESAN) da UA, começou a pesquisar informação sobre as potencialidades do grafeno.
Ao longo desse percurso, surgiu a ideia de obter grafeno através de um método novo, a partir da grafite. Os primeiros testes laboratoriais, realizados na UA, foram animadores e levaram o jovem a pedir o patenteamento do método. O reconhecimento veio com a atribuição do prémio de inovação Dow Portugal, em 2014, e pelo segundo lugar no prémio EDP Inovação do mesmo ano.
A Vítor Abrantes (diretor executivo, CEO, da empresa) juntaram-se, como sócios, Bruno Figueiredo (Chief Strategy Officer, CSO), doutorando da UA, e Rui Silva (diretor técnico, CTO), engenheiro químico também formado nesta instituição de ensino superior.
Entre as aplicações mais imediatas do grafeno de alta qualidade assim obtido, para além da energia – já que o grafeno é um supercondutor à temperatura ambiente -, está a eletrónica (touchscreens, por exemplo) e ainda a possível aplicação em tintas condutoras e materiais de revestimento. As baterias com base neste novo material poderão ser carregadas em minutos, explica o jovem empreendedor.
Até final do ano, a Graphenest espera estar a produzir grafeno através deste novo método, com recurso a um reator piloto. Se tudo correr como previsto, até julho do próximo ano, a jovem empresa espera ter montado um reator para produção à escala industrial.
Em perspetiva estão possíveis parcerias com a UA, aliás, já abordadas com coordenadores de grupos de investigação de diversas áreas científicas, na perspetiva de desenvolver projetos que possam vir a ter interesse para ambas as partes, afirma Vítor Abrantes. Para além do grafeno, perspetiva-se também o estudo da aplicação industrial de outros materiais bidimensionais.
O resultado da candidatura apresentada ao programa +i +i (mais Indústria, mais Inovação), da Portugal Ventures, e outras no âmbito do Horizonte 2020, poderão constituir-se como passos importantes no desenvolvimento da jovem empresa. Estima-se que a produção, dentro de cinco anos, se situe nas 300 toneladas/ano, ocupando 55 trabalhadores e atingindo uma faturação de 200 milhões de euros ao ano.
No VougaPark, em Paradela, concelho de Sever do Vouga, onde também se situa um dos polos da Incubadora em Rede da Região de Aveiro, os jovens empreendedores encontraram as condições ideais para o desenvolvimento deste projeto: espaço para a instalação do laboratório/unidade de produção industrial, área de apoio a esta unidade e ainda área administrativa adicionada de espaços partilhados.
Texto e foto: UA