Uma família vareira em isolamento, no âmbito da cerca sanitária montada em Ovar, confessa que os dias são diferentes mas com a esperança de "um regresso da humanidade à base mais solidária".
Natália Soares é a voz desse testemunho numa casa com um doente de risco e pais idosos, numa vizinhança que contacta apenas para "entregar pão".
“Neste momento estamos em situação complicada. Trabalhei ate ao dia 13 e foi-nos indicado que não iríamos trabalhar duas semanas. Depois vi as pessoas aflitas a ir às compras e fiquei assustada. Não pensei que fosse tao grave”.
Ovar vive uma condição especial com uma 'cerca sanitária' em “situação de calamidade”.
“Na minha vida pessoal tento estar o mais possível em casa. O padeiro traz o pão e levo o pão a casa dos meus pais mas, nem paro lá. Há policiamento mas aviso a polícia que vou entregar o pão. Não se vê gente na rua. Só algumas pessoas mais teimosas. Que olhem por elas e por outras pessoas. As pessoas podem ser assintomáticas e contagiar outros”.
Da vizinhança, sublinhou que já foi obrigada a dar apoio a uma família de emigrantes.
“Tentei ajudar a minha vizinha que veio de Inglaterra. A filha foi embora e a mãe ficou em quarentena. A senhora estava a chorar na varanda. Nem sabia que estava cá. Levei-lhe o pão”.
Ovar nas notícias sobre a expansão comunitária do vírus. Depois os apelos diários da autarquia confirmam dificuldades para enfrentar a pandemia.
“O que sei é que a Câmara pediu ajuda ao Governo e essa ajuda foi garantida. O Governo destacou uma equipa para monitorizar os utentes do Lar da Misericórdia e instalaram um HJospital de Campanha na Arena Dolce Vita”.
Num registo positivo, Natália Soares faz a analogia entre a quarentena e a quaresma.
“Achei interessante e partilhei o facto de estarmos na Páscoa e todos de quarentena. Foi o período em que Jesus se isolou. Abrandamos e voltamos à nossa verdadeira essência tornando-nos melhores pessoas. Força e coragem para todos. Pensamento positivo”.