Projetos criados em Braga e Aveiro que ligam telemóveis a motociclos e a esquentadores dão nas vistas no CES – Consumer Eletronic Show, a maior feira de eletrónica do mundo.
Três dos quatro prémios de inovação ganhos pela empresa alemã Bosch no CES – Consumer Eletronic Show, a maior feira de eletrónica do mundo que decorre esta semana em Las Vegas, resultaram de projetos desenvolvidos em Portugal. A distinção na categoria “In-vehicle áudio/vídeo” foi para o sistema de informação ao condutor de motociclos que foi desenvolvido em Braga, na divisão de Car e Multimedia da Bosch. Consiste na colocação de toda a instrumentação do motociclo num único ecrã, em vez do tradicional painel de instrumentos, e na possibilidade da ligação dos veículos de duas rodas a um telemóvel do condutor, que assim pode fazer chamadas e ouvir música.
A operação das funções básicas do telemóvel é feita através do controlo remoto instalado no guiador, de forma que o motociclista não tenha a necessidade de tocar neste equipamento móvel. Tudo isto é possível após ter acontecido o chamado emparelhamento inicial, em que o sistema se liga de forma automática via Bluetooth (comunicação sem fios) ao smartphone e aos auriculares instalados no capacete. À medida que o motociclo aumenta de velocidade, o sistema adapta automaticamente o visor de forma a que o condutor tenha a informação que precisa no momento. Em velocidades elevadas, o condutor apenas visualiza o velocímetro e notificações de perigo. Assim, garantem os responsáveis da Bosch, é possível reduzir a distração e aumentar a segurança.
Além disso, foi introduzida no visor a tecnologia optical bonding criada em Braga, em que as cores têm contraste elevado, mesmo quando há luz solar intensa.
O outro projeto desenvolvido em Braga mereceu uma menção honrosa no CES na categoria “vehicle intelligence”. Trata-se de uma solução de segurança que liga o smartphone a via Bluetooth a pequenos motociclos ou scooters. O objetivo é, em caso de acidente, desencadear um alerta e dar as coordenadas para um número pré-determinado.
Por sua vez, a Bosch Termotecnologia de Aveiro foi distinguida no CES com uma menção honrosa na categoria “home appliances”, por ter apresentado um sistema de aquecimento de água (Greentherm 9000iSE) que pode ser ligado (ou desligado) remotamente via Internet através de uma aplicação instalada num smartphone ou um tablet. O sistema permite também regular a temperatura da água ou gerir o estado de aquecimento. Também envia um alerta para o telemóvel caso exista alguma anomalia. “Estes projetos vão contribuir para que a Bosch portuguesa continue a crescer”, refere Manfred Baden , presidente da Bosch Car Multimedia. Este responsável não esconde o elevado grau de satisfação pelo bom desempenho da unidade de Braga, que está sob a sua responsabilidade. “Verifico como muito agrado que a nossa empresa em Braga tem crescido e alargado competências e consegue ser competitiva face à China, porque junta as áreas de investigação e desenvolvimento e de produção. E também estou surpreendido pela positiva por haver muitas startups inovadoras na Startup Braga”, acrescenta o executivo alemão, mostrando abertura para fazer parcerias e investimentos de capital de risco. “Só avançamos para aquisições em situações muito pontuais”.
Atualmente com 4300 trabalhadores, a Bosch Portugal deverá ter alcançado um volume de negócios em mil milhões de euros, sendo 90% produção das unidades em Braga e em Aveiro para exportação. Em 2018, face às expectativas de crescimento, as previsões da empresa apontam para 5000 trabalhadores.
A Mayfield Robotics, startup californiana que foi comprada pela Bosch, mostrou durante o CES um robô doméstico que promete satisfazer os fãs de domótica por ser capaz de se integrar no ambiente familiar. Distingue-se dos assistentes digitais – por exemplo, do Echo da Amazon ou do Home da Google - por ter mobilidade – pode andar pela casa toda - e funcionar como um acompanhante.
Na prática, este pequeno robô (tem 60 cm) foi concebido com um sistema inteligente que permite interagir com facilidade com crianças. Os seus dois “olhos”, que lhe dão um aspecto humanoide, estão preparados paras fotografar ou registar em vídeo os rostos dos membros da família e servir de câmara de vigilância. O Kuni também tem sensores que o impedem de parar junto a escadas e não cair. Graças a quatro microfones, reconhece a voz humana e obedece aos comandos. Ainda não é capaz de falar (não foi equipado com síntese da voz), mas manifesta o seu contentamento através da emissão de sons e de movimentos com a cabeça. E também é capaz de emitir musica quando ligado a uma rede sem fios ( Wi-Fi ou Bluetooth). Segundo Chris Mattews, diretor de marketing da Mayfield Robotics, o Kuni vai começar a ser vendido nos Estados Unidos no final de 2017 e deverá custar perto 700 dólares. Ainda não há data para a comercialização na Europa.
Fonte: Expresso