A concelhia de Aveiro do Partido Socialista classifica a intervenção no Rossio como “ato danoso de gestão pública do executivo PSD/CDS”.
Terminada a obra e com a contabilização dos custos, o PS afirma como “displicente” gastar 20,5 milhões de Euros numa praça e num estacionamento que representam “visão retrógrada”.
As críticas vão do processo que levou ao projeto até ao momento da inauguração e a derrapagem nos custos é tomada como um dos pontos críticos.
“Contas redondas, com o valor gasto no Rossio comprar-se-iam 40 autocarros elétricos. A frota da Transdev na Aveirobus, em 2020, era de exatamente 40 veículos. Ou seja, o município de Aveiro poderia ser proprietário de uma frota inteira de autocarros equivalente à que agora nos serve, e 100% elétrica, com o que pagou pelo Rossio. Ou, dando outro exemplo, com o valor gasto no Rossio pagar-se-iam, a preço atuais, mais de 10 anos da exploração dos transportes coletivos da AveiroBus (fixado em 27 milhões, pelos 15 anos da concessão)”, refere o PS num termo de comparação com o custo de aquisição de autocarros.
Em nota divulgada esta sexta-feira, a concelhia liderada por Paula Urbano fala em negligência ao nível de “fatores ambientais, das alterações climáticas e riscos associados, e a hipercentralização da Cidade”.
“Para lá das (más) opções políticas, há 3 milhões de obras complementares que são justificadas com o encurtamento do prazo de execução, com um centro arqueológico de uma capela sem nenhum interesse histórico, tanto que foi abatida por ser um incómodo em termos de salubridade pública, relvados apressados para a festa de fim de ano, entre outras. Para que se perceba, só as obras complementares do Rossio são equivalentes a 60% do valor porque foi adjudicada a recente obra na Avenida Lourenço Peixinho (com IVA)”.
Considera que o projeto compromete “expetativas de um progresso desejável da urbanidade” e diminui “as condições de resposta às incertezas ambientais, criando incertezas e ansiedade na comunidade, relativamente ao futuro, absolutamente dispensáveis” e consegue “cilindrar memórias coletivas boas sem acolher os cidadãos na construção de novos referenciais partilhados”.
A estrutura liderada por Paula Urbano conclui que a obra fica como “marca indelével de retrocesso urbano” transformando o Rossio em “praça árida com empacotamento automóvel”.
E representa a derrota da cultura urbanística perante a “vontade política desinformada e intencionalmente desinteressada da legitima e, neste caso, bastante informada discussão pública sobre a cidade”.
Paula Urbano dá nota negativa ao resultado final.
“É mesmo pouco, e não pode ser mais porque não transforma, não projeta uma visão de futuro da cidade e, por isso, é apenas um postal. Um banal postal”.