A inauguração do complexo de formação do Beira-Mar, junto ao Estádio Municipal de Aveiro, concretiza uma ideia de pacificação do clube com a cidade e com promessa de honrar o investimento feito.
“Temos de ter ambição e rigor orçamental. E não esquecer o passado. Jorge Sampaio entregou-nos a Taça de Portugal. Ontem li uma frase dele sobre a preocupação com o futuro. Temos uma casa e podemos fazer família com casa”.
Afonso Miranda, presidente do clube, e Ribau Esteves, autarca de Aveiro, coincidiram no discurso de agradecimentos e homenagens e fizeram a viagem no tempo entre 2003 e 2021 para dizer que se está a cumprir o sonho de Alberto Souto, ao tempo presidente da Câmara de Aveiro, criando condições para sonhar um futuro sustentável para o principal emblema desportivo de Aveiro.
“Esta tarde mostrou a importância da obra. É um dia histórico. Grande orgulho inaugurar esta infraestrutrura de grande nível. O futuro começa agora com esta obra. O trabalho foi longo”, disse Afonso Miranda logo na abertura da cerimónia que homenageou Jorge Sampaio com um minuto de silêncio.
Para os beiramarenses será sempre o Presidente que entregou a única Taça de Portugal conquistada pelo clube.
Afonso Miranda reconhece os anticorpos gerados por vários anos de derrapagens e incumprimentos até chegar a uma situação de rotura que colocou a existência do clube em risco (com áudio).
“Os aveirenses pagaram esta obra e o Beira-Mar vai corresponder a cada centimo aqui investido. Outra responsabilidade é que este é um trabalho de vários anos. Foi projetado há 20 anos. No meio de tudo isto passaram três direções. António Regala, António Cruz e Hugo Coelho tiveram papel preponderante para que hoje estivessemos aqui”.
Os agradecimentos passaram pelos sócios e patrocinadores “que ajudaram a evitar o fim do clube”.
“Somos os que somos. Podemos ser muitos mais. Temos que ser mais do que os 4 mil inscritos e os 1300 pagantes. Todos os que vierem saberão que o dinheiro será bem investido”.
Em época de pré-campanha mas sem medo das palavras, o dirigente deixou reconhecimento pelo esforço municipal.
“Agradecer ao município de Aveiro que deu apoio em altura dificil. Teve palavra e percebeu que o Beira Mar e Aveiro se confundem. Não há Aveiro sem sal, sem São Gonçalinho e sem Beira-Mar. Soube fazer acontecer. Sabemos estar gratos. Sem cidade não somos o clube que queremos ser”.
Palavra especial para pais, dirigentes, voluntários e atletas habituados ao sofrimento de andar com casa às costas.
“Souberam sonhar. Andamos sem casa durante 15 anos. Treinadores pagaram para andar de um lado para o outro. Treinamos por todo o concelho e a todos os clubes agradeço. Os pais foram criativos e resilientes. Não nos esquecemos de onde viemos. Combatividade e entrega é o nosso ADN. O espírito é este”.
Demolido o antigo Mário Duarte, o dirigente acentua a criação de espaço que passa a funcionar como casa de família. Citou Jorge Sampaio em nome de um futuro que espera de sucesso (com áudio)
Ribau Esteves recordou 8 anos de presidência em que arrrumou inúmeros dossiês sendo que o referente ao Beira-Mar foi dos mais longos até à conclusão.
“Quero deixar aos meus quatro presidentes, com quem trabalhei nestes 8 anos, um abraço de agradecimento. Zangamo-nos à procura de solução para um problema complicado. Conseguimos que três dos credores (Artur Filipe, José Cachide e Caetano Alves) tivessem mudado o seu voto contra para um voto a favor para que o Beira-Mar não morresse no tribunal de Anadia. Tivemos um fardo pesado às costas mas conseguimos estar juntos em nome do município”.
O autarca recordou as críticas pela opção política tomada mas diz que o fez enquanto medida de gestão com interesse público para o município (com áudio).
“Defendemos o interesse público quando arrumamos contas. Todas as boas causas têm adversários. Muitos dos nossos opositores foram contra este investimento. Estão aqui 3 milhões de euros suportados pelos cofres da autarquia com dinheiros dos municípes. Uma das maiores obras da minha presidência. Aqui não há fundos europeus. Não fizemos nada de mais. Fizemos cooperação”.
Depois dos campos aguarda-se o pavilhão e na agenda está a nova piscina municipal conferindo aquela área características de cidade desportiva.
“Este é um edifício municipal sob gestão do Beira-Mar. A ligação entre este complexo e o da AFA foi pensado. Estamos a terminar projeto para a construção do pavilhão com quatro campos desportivos e a piscina municipal vai transformar esta área em centro cívico em torno do desporto”, explicou Ribau Esteves.
Confiante que se abre um novo ciclo de vida, o autarca deixou palavras de estímulo aos dirigentes do clube.
“Fica esta responsabilidade de gerir este complexo. Estamos tranquilos porque acreditamos numa gestão positiva”.
No encerramento, Ribau falou de sentimento clubista, recordou a Taça de Portugal recebida por Fusco das mãos de Jorge Sampaio, em 1999, e lembrou Alberto Souto - presente nesta cerimónia - enquanto responsável pela criação do estádio como âncora de todos os projetos que agora se materializam naquele lugar.
“A Taça está no museu da Cidade. Esteja na final da taça ou no distrital não interessa. É o nosso amor. Queremos que o Beira-Mar vá mais alto mas com raízes fortes e profundas, honrando toda a gente. Honramos Alberto Souto que teve esta ideia mas, sobretudo, honramos o futuro”.