Os reitores das Universidades Portuguesas reúnem, em Aveiro, esta sexta-feira, em debate sobre agenda para a próxima década e a distribuição de fundos europeus para a investigação.
A internacionalização e o financiamento da investigação são os temas centrais do encontro de reitores.
De acordo com dados da Agência Nacional de Inovação, nos primeiros cinco anos do atual Programa-Quadro Comunitário de Investigação e Inovação, o Horizonte 2020 (2014 a 2020), as entidades portuguesas captaram 685 milhões de euros de financiamento, sendo os principais beneficiários os centros de Investigação & Desenvolvimento, seguindo-se as universidades e as Pequenas e Médias Empresas.
No entanto, estima-se que este valor poderá ultrapassar os 700 milhões de euros, com o apuramento de todos os concursos de 2018 ainda pendentes, chegando aos mil milhões, no final do programa.
Os Reitores dizem que em termos de atração de fundos comunitários a realidade nacional “é bastante superior à da média europeia" mas admitem ser possível “fazer melhor".
“Todas as universidades do mundo competem no mesmo mercado global de talento, mas com níveis de financiamento muito diferentes”, afirma Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro.
“Num mundo em mudança rápida, é obrigatório articular melhor ensino e investigação”, afirma Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro e responsável pela organização da II Sessão da “Convenção do Ensino Superior 2020 - 2030” que irá realizar-se esta sexta-feira em Aveiro.
“No ensino, além de dar atenção permanente aos conteúdos, precisamos de mudar os métodos e de transformar os próprios espaços onde se aprende e se faz a investigação”.
O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, marca presença na abertura dos trabalhos e Nelson de Souza, Ministro do Planeamento, estará no encerramento.
Depois da primeira sessão de 7 de janeiro em Lisboa, no ISCTE, a sessão na Universidade de Aveiro procurará caminhos para aumentar o nível de inovação na sociedade e economia em Portugal de forma a criar “uma verdadeira cultura científica”.
“Para não correr o risco de um dia formarmos profissionais desatualizados, é cada vez mais necessário investir na investigação e refleti-la rapidamente no ensino”, afirma o reitor da Universidade de Aveiro.
“Além disso, as instituições deverão estimular competências não técnicas, como a criatividade, a capacidade de comunicar e de trabalhar em equipa, a vontade de inovar e de assumir riscos, criando condições para a afirmação de lideranças e de espíritos empreendedores”, afirma Paulo Jorge Ferreira.
“Este tipo de aprendizagem e de ligação à investigação não cabe em modelos de ensino passivos”, sustenta o reitor. “É necessário que as universidades entrem na próxima década favorecendo as dinâmicas individuais e a aprendizagem ativa, colocando o estudante no centro do processo”.
Para esta transformação terá de haver uma mudança nos meios que estão à disposição das universidades portuguesas.
“Os desafios de hoje são globais, todas as universidades do mundo competem no mesmo mercado global de talento. Logo, é necessário apetrechar as universidades e os politécnicos em Portugal com níveis de financiamento diferentes, que lhes permitam ser competitivos no mercado global da ciência e da inovação”, afirma Paulo Jorge Ferreira.
Júlio Pedrosa, antigo reitor da UA e antigo Ministro da Educação, afirma que mais importante é ter modelos objetivos de financiamento para as universidades saberem com o que contam na sua programação (com áudio)
Outra das preocupações que o antigo Reitor manifesta está relacionada com a forma como as universidades têm vindo a perder algumas referências do passado. Pede reflexão interna para evitar derivas que coloquem em causa a imagem (com áudio)
A segunda convenção tem início às 9h e as conclusões serão divulgadas às 19h.