Sofia Senos defende “consenso” em torno da Senhora dos Campos como património que é de todos e que deve mobilizar cidadãos e candidatos às autárquicas.
A arquiteta de Ílhavo, em carta aberta aos candidatos autárquicos, não quer deixar cair no esquecimento dos debates o património da Mata Nacional das Dunas da Gafanha e Colónia Agrícola.
Fala na sorte de ter uma “estrutura ecológica” que é o “coração do concelho” e que “liga todas as freguesias”.
“Assim como a ria, é uma espécie de cola, que nos mantém em contacto”.
O texto publicado, hoje, no Ilhavense, apela à motivação de todos os candidatos autárquicos para um compromisso em defesa dessa zona verde.
“Não será difícil compreender a importância das estruturas ecológicas para a qualidade de vida das cidades, com impacto directo na qualidade do ar, dos solos, dos ecossistemas. Mas, hoje, são estes os valores fundamentais também na competitividade entre cidades. Os paradigmas de desenvolvimento são outros. Até os fundos europeus o sabem. Vamos fazer da Mata, o nosso parque. O nosso parque natural”, desafia Sofia Senos.
Fala de exemplos como Monsanto e “As serras do Porto” para dizer que é necessário “cadastrar e planear” e “reflorestar de acordo com boas práticas que permitam criar uma floresta resiliente aos incêndios e que promovam a diversidade ecológica do local”.
Admitindo que a gestão daquela área tem um passado e um presente que não depende exclusivamente da autarquia, Sofia Senos pede “objetivos claros” e “processos de participação” em que todos se revejam.
“Não é intenção desta carta apresentar certezas, mas a de criar uma consciência colectiva do território que nos pertence. Esta é oportunidade que temos de agarrar”.
Hierarquizar circuitos de utilização nas suas diferentes perspectivas (económicas, as de mobilidade, as de exploração, as de fruição e outros que ainda não se adivinham) é um dos passos que entende como decisivos para o futuro.
“Podemos fazer da Mata uma causa de todos? De todos sem excepção: da Gafanha da Nazaré, do Carmo, da Encarnação, de São salvador. Dos adultos, dos idosos e das crianças. Dos proprietários, das indústrias, dos agricultores. Dos habitantes e dos visitantes. Dos portugueses e dos estrangeiros. Mesmo de todos. E este é um apelo ao consenso, um consenso por uma causa”.
Entidades envolvidas na gestão do território procuram consenso desde 2015 para um Plano de Intervenção no Espaço Rural da Senhora dos Campos.