Uma antiga chefe dos CTT está a ser julgada no Tribunal de Aveiro por se ter apropriado de cerca de 100 mil euros que recebeu de clientes para aplicar em produtos financeiros.
A mulher de 46 anos está acusada de um crime de abuso de confiança qualificado e outro de falsificação, ambos na forma continuada. Segundo a acusação, a que a Lusa teve acesso, os factos ocorreram entre junho de 2011 e abril de 2014.
Durante este período, a arguida, que exerceu as funções de gestora interina da loja dos CTT da Palhaça e de Ílhavo, recebeu várias quantias em dinheiro que lhe foram entregues pelos clientes ou provenientes de resgates por estes efetuados para investir em aplicações financeiras comercializadas pelos CTT.
No entanto, de acordo com a investigação, ao invés de subscrever tais produtos e de entregar o dinheiro aos CTT, a arguida manteve o dinheiro na sua posse e utilizou-o em proveito próprio.
No total, terão sido lesadas 13 pessoas, a maioria das quais idosas. Um dos clientes lesados foi uma mulher com deficiência mental que ficou sem 25 mil euros.
O caso foi descoberto quando alguns clientes tentaram resgatar o dinheiro e não conseguiram. A mulher que trabalhou nos Correios durante 15 anos veio a ser despedida em setembro de 2014, na sequência de um processo disciplinar.
A arguida, que chegou a devolver parte do dinheiro, confessou os factos, alegando que foi obrigada a ter este comportamento ilícito em “total desespero sem alternativas”, sempre na convicção de que conseguiria repor os valores subtraídos.
Os CTT deduziram um pedido de indemnização cível a reclamar o pagamento de 76.167,56 euros, montante que a empresa usou para indemnizar os clientes lesados, no valor por eles investido acrescido dos juros que se teriam vencido, caso as referidas aplicações tivessem sido efetuadas.
A única cliente que não foi ressarcida pela empresa, constituiu-se assistente no processo judicial para tentar receber 12.712 euros
Texto: Lusa