Uma declaração de Ribau Esteves no congresso da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, na Vista Alegre, motivou uma reação do antigo presidente da Câmara de Aveiro. Alberto Souto não gostou das críticas à aposta no estádio e em passagens desniveladas e à falta de visibilidade dos canais urbanos e moliceiros. Souto diz que se há aposta que fez foi na recuperação dos muros e na sua navegabilidade.
Ribau Esteves considera que faltou uma aposta em valores identitários e que Aveiro tem hoje afirmada a aposta na Universidade, na ria e nos moliceiros de forma clara (com áudio).
O autarca de Aveiro diz que enfrentou um problema idêntico enquanto autarca de Ílhavo quando foi obrigado a descobrir qual a aposta a fazer nas marcas do território. “Em Ílhavo a discussão era muito mais complicada. Apostar em quê? No Museu Marítimo, nas praias que eram conhecidas por ser de Aveiro, na Vista Alegre falida mas com história do melhor... Como pegar nisto? Tomámos uma decisão reacionária que custou o diabo a entender às elites da terra mas pouco depois tínhamos os cidadãos connosco e pelos cidadãos também conquistamos as elites. Pegámos no bacalhau”.
Alberto Souto lamentou o tom utilizado por Ribau Esteves e confessa a surpresa pelas críticas. “O desplante não o faz corar? Saberá que quando chegámos à Câmara, os muros estavam em ruínas e a cair ? Saberá que os esgotos eram despejados para os canais? Saberá que não havia navegabilidade para lá das Pontes e que a pouca possível estava condicionada pelas marés? Que tudo recuperámos, que retirámos os esgotos e conferimos qualidade de água balnear? Saberá que construímos as comportas do Canal de S.Roque, estabilizámos o leito dos canais e acabámos com as inundações? Saberá que construímos o Lago da Fonte Nova, já um dos ex-ibris de Aveiro? Que desenvolvemos um programa de preservação dos moliceiros? Suspeito que sabe”.
A troca de palavras leva o ex-autarca a aconselhar Ribau Esteves a concentrar-se no seu mandato. “A boquita de Ribau Esteves é ofensiva para todos os aveirenses que achem que na política não vale tudo. E nem na política estou...Enfim, vir acusar-me - ou a Élio Maia- de termos negligenciado os nossos valores identitários, releva de um aveirismo com cola de cuspe, arrivista, de quem agora se arvora como paladino-mor de um bairrismo fresquote, mas que afinal insulta, com o tamanhão do dislate. Há, porém, um dos nossos valores identitários que devia aprender: não gostamos de trapaças. E esta estatela-se com a História. Olhe mais para o futuro. Mesmo com pouca obra pode ser-se melhor político”.