A Quercus alerta, mais uma vez, para intervenções que considera desajustadas na orla costeira.
Repete a análise à autorização para instalação de bares/restaurantes na zona das dunas, os designados apoios de praia, e reprova a utilização de maquinaria pesada sempre que é necessário construir passadiços e retirar areias.
Um ano depois de ter alertado para intervenções na orla costeira de Ílhavo que considerava “incompatíveis com o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Ovar-Marinha Grande”, a Quercus Aveiro continua a registar ações que “põem em risco os ecossistemas costeiros”.
“Não se compreende que se façam intervenções na crista das dunas com a utilização de maquinaria pesada, levando à mobilização de grande quantidade de material arenoso e a uma destruição completa do coberto vegetal. A manutenção dos passadiços existentes não pode ser efetuada com o recurso a máquinas com 20 toneladas. A retirada da areia deve ser feita com as soluções adequadas e ajustadas ao local.
“Por outro lado, a instalação de um passadiço não deve ser feita na crista de uma duna e deve prever soluções técnicas para o movimento dinâmico da estrutura natural arenosa. É inaceitável a instalação de estabelecimentos de restauração e bebidas, eufemisticamente designados por apoios de praia, no topo das dunas”.
A Quercus estranha que as autoridades não assumam políticas restritivas na gestão destas áreas costeiras e lancem projetos sobre projeto.
“Assume-se que as referidas entidades não estão minimamente empenhadas em preservar as dunas e em combater a erosão costeira. É, por isso, surpreendente o lançamento de mais um projeto para definir um modelo de gestão para litoral. O que se pode esperar do projeto COAST4US? Os estudos e planos existentes não são suficientes para uma mitigação mais eficiente da problemática da erosão das zonas costeiras, ao dotar as entidades decisoras de mais e melhor informação aquando da tomada de decisão, através da simulação de cenários de evolução da linha de costa perante a execução de uma determinada intervenção, assim como o seu custo-benefício relativamente à situação atual”?
Os ambientalistas referem que a política seguida terá custos a médio prazo e que numa área como a zona costeira de Ílhavo isso é “brincar com o fogo”.
“O que se está a passar nas dunas de Ílhavo é um atentado e crime público, na medida em que os responsáveis têm adotado medidas que vão totalmente contra o que seria de esperar tendo em conta o que está escrito, o que é dito e, acima de tudo, por irem contra uma adequada gestão/ordenamento do território”.