O PCP vem a público colocar “água na fervura” no acordo da administração com os trabalhadores da Renault salientando que este “acordo” é alcançado num “clima de chantagem sobre os trabalhadores”.
A direção regional refere que os trabalhadores foram confrontados com “ameaças” em torno da existência da fábrica para lá de 2020 quando a fábrica foi eleita a melhor do grupo. E não esquece também que o “acordo” chega depois de uma sucessão de 3 plenários de trabalhadores num curto espaço de tempo.
“Entre estes plenários foi-se avolumando o clima de pressão, envolvendo chefias intermédias e até uma carta do administrador para casa dos trabalhadores para condicionar o resultado dos plenários”.
Desfaz, ainda, a ideia de que esse acordo abre caminho ao investimento de 150 milhões de euros. “É uma mistificação, uma vez que uma parte substancial deste investimento é assegurado por verbas públicas através do programa Portugal 2020. Na prática, a Renault não faz nenhum favor a ninguém, antes absorve recursos públicos”.
E nem mesmo a integração de trabalhadores no quadro alivia a pressão. “Mesmo que se concretize a passagem de 150 trabalhadores a prazo para os quadros da empresa nos próximos quatro anos, esta é apenas uma verdade parcial. Sublinha-se que está prevista a saída de trabalhadores efectivos (por reforma ou rescisão por mútuo acordo), resultando assim que não há qualquer avanço no que toca ao combate ao trabalho precário nesta unidade, continuando a haver trabalhadores temporários a desempenhar funções de cariz permanente, em clara violação da lei”.
Teme o congelamento do poder de compra dos trabalhadores e perdas para os mais jovens. “Salários mais baixos, possibilidade de redução do prémio anual, redução de direitos no que toca aos apoios ao transporte são aspectos que terão um impacto directo nos rendimentos dos trabalhadores”.