José Carlos Mota, docente do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, considera que a alegada falta de cultura participativa dos portugueses é um ‘mito urbano’.
Ligado a inúmeros projetos em várias cidades e à dinamização de projetos em Aveiro, o docente acredita que o que falta é mais estímulo à participação.
“O que acontece é que tem havido poucos estímulos consequentes à participação e os que existem ocorrem quando os cidadãos pouco podem acrescentar. Nessas condições, até acho muito bem que as pessoas não participem. No sentido inverso, quando se usa as metodologias adequadas e as pessoas sentem que o seu contributo é útil, a participação acontece com uma intensidade e riqueza mágicas. E isso ocorre em territórios e condições tão diversas como Aveiro (Vivobairro, Aveiro Soup, Lab Cívico Santiago, Serras do Porto, Lousada ou Maia). Podemos estar descansados, os portugueses não possuem nenhum problema genético que os debilite para a participação cívica”.
Para as redes sociais reserva papel de relevo mas apenas nas condições em que facilitem as relações de proximidade.
“As redes sociais que fazem a diferença não são as virtuais, são as de proximidade. O que falta é criar condições (espaços físicos, momentos temporais e oportunidades temáticas) para despoletar a energia cívica adormecida. As redes virtuais podem dar uma ajuda para divulgar e difundir oportunidades, para levar a mensagem e para criar o efeito bola de neve. Mas não são elas que fazem a ignição. São os diálogos presenciais entre pessoas e as causas que as movem que podem fazer a diferença”.
Entrevistado pelo jornal online da UA, destaca a academia como universidade cívica hoje voltada para a comunidade.