O Executivo Municipal de Aveiro aprovou, por maioria, com votos contra dos vereadores do PS, a abertura de concurso para a concessão de transportes rodoviários, tarefas até aqui desempenhadas por Transdev e Move Aveiro, Transporte Marítimo (MoveRia) e a reabilitação do Centro Coordenador de Transportes que será integrado na gestão dos transportes. As operações do estacionamento pago e a gestão da Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro passam para a mão da Câmara. Esta opção decorre da extinção da Move Aveiro e, segundo o presidente da Câmara de Aveiro, é o melhor modelo dos que foram estudados. “A concessão é a solução mais equilibrada porque envolve empresas com capacidade financeira, capacidade de investir no centro e nos transportes, e também porque a Câmara continua titular da operação definindo as regras”.
O autarca admite que a autarquia não teria capacidade de investimento e lembra que de um custo anual de 2,3 milhões passará para uma operação que custará pouco menos de um milhão de euros anuais. A autarquia mantém três autocarros da Move Aveiro (um grande e dois médios) para garantir prestação de serviço a escolas e associações. Quanto à ocupação do Centro Coordenador de Transportes, vai usar o espaço a nascente da estação de caminhos de ferro. O Banco Alimentar mantém-se no local até ser encontrada uma localização alternativa.
O PS reafirmou críticas vincadas ao longo dos mandatos de Élio Maia salientando que os cuidados com os transportes nunca foram tidos em conta na esfera pública até ao definhamento da empresa municipal. “Entendíamos que havia caminho alternativo. Vamos votar contra por isso. Falam em estudos alternativos mas não tivemos acesso a essa informação. Reconhecemos que não estamos perante uma privatização mas é a 15 anos e eventualmente mais cinco”.
Eduardo Feio (PS) deixou ainda recomendações sobre a criação do Centro de Transportes. “Aquela área nunca funcionou verdadeiramente como centro coordenador. Há ali terrenos da Câmara que podem render dividendos à Câmara. Com a concessão estamos a falar da cativação daquele território até 2031. Houve alguma tentativa de criar um espaço de raiz nos terrenos ao lado que pudesse alavancar o desenvolvimento daquela área a nascente da estação? Quanto ao ferry falamos de 15 anos e aquele ferry não dura 15 anos”.
Feio pediu ainda que fosse equacionado o cenário de mudança na regulamentação dos transportes em Portugal em 2019 deixando em aberto novas possibilidades na gestão do setor. “Em 2019 poderemos ter uma revolução nos transportes em Portugal. Qual a hipótese de em 2020 termos uma operação mais municipal ou intermunicipal? A concessão vai ou não comprometer essa possibilidade?”
Ribau Esteves reagiu às posições do PS deixando claro que não havia muitas alternativas em jogo. “Se tudo tivesse corrido bem se calhar não estávamos cá mas não vivemos no mundo dos ses. Se Élio Maia tivesse governado bem, se Souto não tivesse governado, se Celso Santos ainda fosse presidente são equações que não fazem sentido. Queremos ser autoridade intermunicipal de transportes no futuro. Como? Quando? Não sei. O trabalho está no início. A lei diz que é até 2019 mas queremos que seja antes. Reconhecemos que o resultado deste concurso tem importância até porque há um operador que está em 9 dos 11 municípios da Região”.
"Se tivéssemos ganho a Câmara poderíamos ter apostado noutra solução, uma solução híbrida entre público e privado", respondeu Eduardo Feio com o último "se" num debate sobre transportes que vai deixar a classe política atenta à concessão e na expetativa de ver quem ganha o concurso.