O Partido Socialista mantém a contestação ao projeto do Rossio e a adjudicação foi mais um momento de crítica da oposição.
Fala em gestão autocrática do processo, sem sufrágio nos programas eleitorais, e com uso de uma “estratégia de terra queimada” apostando na degradação do Rossio nos últimos anos.
“O PS reafirma: ontem era tarde para requalificar este espaço como jardim verde urbano; quanto à cave, permanece a posição contra sustentada em quatro pontos cruciais: o processo; a legitimidade democrática; os impactos do projeto; a viabilidade financeira. Por isso, esta adjudicação é o cantar do cisne”.
O Partido Socialista diz que é fundamental clarificar quais os custos para os aveirenses, quer nos impactos imediatos, quer no caderno de encargos e planos de negócios, enquanto elementos que influenciarão qualquer decisão destas intervenções.
Defende a manutenção do Rossio como jardim público, parte de uma estratégia de descarbonização.
Quanto à legitimidade democrática, o principal partido da oposição lembra que esta intervenção na cidade não fez parte do programa eleitoral de Ribau Esteves.
E questiona uma ação voltada para turismo e cultura mas sem plano para a habitação, para os residentes, para as questões sociais específicas da Beira-Mar e adjacentes.
“Não é aceitável, para um projeto sério de cidade, conceber uma proposta para o Rossio, sem ter uma visão abrangente de planeamento urbano, necessariamente pluridisciplinar e em conjunto com a Rua Clube dos Galitos, Cais do Paraíso, Alboi, Moliceiros, Avenida Lourenço Peixinho, Beira Mar, Praça do Peixe, Cais dos Botirões, antiga Lota, Canal de S. Roque,… com a interligação de sectores de atividade e tendo como objetivo principal garantir a qualidade de vida dos moradores e comerciantes em primeiro lugar, não deixando de ser aprazível para visitantes”.
A falta de aceitação pública mais consensual é outro dos tópicos que merecem a intervenção do PS que coloca em primeiro plano a operação financeira por entender que o que não tinha custos para o município está a ficar cada vez mais pesado.
“Uma obra adjudicada 11 710 999 (mais IVA!) a comparticipação a pagar pelo concessionário de 3.340.000 €, o valor a suportar pela Câmara Municipal de Aveiro será de 8.370 999 €, ao qual será abatido a parcela a receber da UE a fundo perdido de aproximadamente 1.500.000 €. Feitas as contas, e incompreensivelmente, o Presidente da Câmara irá limitar a capacidade de investimento da CMA e vai enterrar, contra vontade dos aveirenses e à custa do nosso bolso, cerca de 7 000 000 €, esquecendo-se de um conjunto de necessidades dos munícipes aveirenses cuja execução se perde na duração dos mandatos da atual maioria já vai em 14 anos”.
Manuel Sousa diz esta operação simboliza muito da gestão de Ribau Esteves em Aveiro (com áudio).
“Aveiro vê o seu dinheiro, proveniente dos impostos, entregue a um privado. Não há dinheiro para transportes públicos; poupou-se na concessão da recolha dos resíduos sólidos urbanos; não é paga a dívida que liberte o Município de défice excessivo; não temos zonas industriais qualificadas; foi recusado baixar o IMI para 0,38 não havia dinheiro; não há dinheiro para arranjar passeios, para resolver em definitivo as questões do saneamento básico, mas há milhões para doar a um privado. Vá lá saber-se porquê! No nosso ponto de vista, trata-se da imposição de uma obra vergonhosa de má vontade contra o futuro de Aveiro e que os Aveirenses não esquecerão”.