A Assembleia Municipal de Aveiro aprovou, por maioria, o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso que prevê a construção de uma unidade hoteleira até 12 pisos.
O presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, Luís Souto Miranda, que estava debaixo dos holofotes, enquanto candidato à Câmara de Aveiro a 12 de Outubro, deu voto favorável e prometeu esclarecer a sua posição noutro momento e noutro local.
A oposição votou em peso contra a proposta de Plano de Pormenor com críticas à solução encontrada para o cais do paraíso.
Documentos aprovados com 23 Votos a favor (PSD e PP), 11 votos contra (Chega, PAN, PS, PCP e BE) e abstenção de Pedro Pires da Rosa (PS).
O vogal socialista que chegou a propor o adiamento da votação para Novembro, absteve-se baseado na garantia de que a próxima gestão não estará amarrada a esta deliberação e não haverá custos de uma eventual revogação do PP, no próximo mandato, nem deliberações nos próximos dois meses sobre o projeto do hotel (com áudio).
Perante as garantias de Ribau Esteves de que não haverá ações da atual Câmara no dossiê do futuro hotel, Pires da Rosa assumiu a abstenção.
O deputado desafiou, ainda, Luís Souto a descer da mesa no sentido de clarificar a sua posição.
As bancadas da oposição contestam a construção de um hotel até 12 pisos.
Acusam a autarquia de gerir em função do setor do turismo.
Nuno Teixeira, do PCP, aponta a sensibilidade do local como tema que deveria merecer mais atenção e acusa a maioria de continuar a surfar a onda do turismo.
“Todo este plano é um monumento à monocultura do turismo que Aveiro”.
Celme Tavares, do BE, fala em políticas sequestradas pelos interesses privados e riscos para a sustentabilidade ambiental da cidade.
“Os instrumentos de ordenamento são vergados aos interesses imobiliários e de hotelaria”.
A representação do Chega repetiu argumentos apresentados pelos candidatos autárquicos na reunião de Câmara questionando a transparência da operação.
Gabriel Bernardo encontra contradições no discurso oficial da autarquia.
“É com um prédio de 12 andares e 44 metros de altura, numa zona de valores paisagísticos e culturais de referência que se garante a adequada integração urbana e sustentabilidade urbana?” questiona o vogal do Chega que acusa Ribau Esteves de “ser subserviente aos privados”.
Pedro Rodrigues, do PAN, reforça a importância de garantir a avaliação de impacto ambiental do futuro projeto.
“Que sejam ponderados os riscos destas construções bem como acautelar a segurança de pessoas e bens”.
As bancadas de PSD e PP deram conforto à maioria e não deram mostras de fraturas.
Jorge Girão, do PP, deu nota positiva às intenções de investimento programadas para aquela área e apontou o dedo a quem se baseia no “bom gosto” para definir as posições políticas.
“As críticas têm sido unicamente baseadas em achismo e gosto pessoal. Parece que são os donos e provedores do bom gosto. Foi assim nas obras da Avenida Dr Lourenço Peixinho, no Rossio e na avenida 25 de abril”.
Manuel Prior, do PSD, acusou Alberto Souto Miranda de tentar manipular a Assembleia com apelos ao voto contra a construção do Hotel quando o que estava em causa era o Plano de Pormenor.
“Não vamos deliberar sobre a construção como disse o candidato do PS. Ninguém aqui dentro pode pensar que estamos a votar sobre a construção. É tudo mentira”.
Ribau Esteves deixou garantias públicas de que não há qualquer hipótese da aprovação do projeto de um novo hotel em menos de três ou quatro meses confessando o seu lamento por não poder assumir essa aprovação.
Esclareceu que a imagem que surge como símbolo do projeto não configura uma construção de três torres mas apenas uma com três áreas destacadas num complexo com hotel e aparthotel, sem frações autónomas.
Defende que há diferenças em relação ao plano de urbanização da Polis que previa maior área construtiva global e que não salvaguardava valores naturais e culturais nem garantia o atual edifício cor de rosa junto à rotunda da salineira.
Para Ribau Esteves há aspetos positivos ao nível da qualificação hoteleira e previsíveis impactos na diminuição da pressão sobre o alojamento local na cidade.
O autarca assumiu como derrota de 12 anos o facto de não ter existido maior dinamismo no setor hoteleiro na cidade, algo que poderá mudar, agora, com a construção de novas unidades no cais do paraíso e canal de São Roque (com áudio).
Aveiro viveu mais uma noite de forte mobilização popular com as galerias da assembleia repletas de público e momentos de tensão com Luís Souto a lamentar que nem sempre fossem respeitados os eleitos.
O presidente da Assembleia terminou a sessão com recado político a quem procurou criar clima negativo (com áudio)