"A culpa é de quem investe milhões e está a colher tostões", diz o presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Aveiro, que acusa Governo, FPF e Liga de conivência.
O presidente do Conselho de Arbitragem (CA) de Aveiro, José Pereira, considera que a violência no futebol é culpa dos três "grandes", com a conivência do Governo, da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga. A acusação é feita pelo presidente do CA do distrito onde se registou uma das três agressões a árbitros, no fim-de-semana.
Duas das ocorrências verificaram-se em campeonatos distritais de seniores: Leonardo Marques foi agredido no Beira-Mar-União de Lamas, em Aveiro, e Ricardo Lourenço no Casaínhos-União das Mercês, em Lisboa. A terceira ocorrência registou-se no distrito de Setúbal, num jogo de futebol de sete no escalão de "benjamins B", entre a Academia de Corroios e o Amora, em que Sílvio Luz, de 21 anos, foi agredido por um familiar de um jogador.
José Pereira esclarece que o árbitro agredido, Leonardo Marques, está bem fisicamente, mas muito abalado emocionalmente, deixando uma acusação. Estas agressões acontecem nos Distritais como consequência das polémicas que rodeiam os campeonatos profissionais.
O presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Aveiro vai mais longe e aponta os culpados: os três "grandes", FC Porto, Sporting e Benfica que têm a conivência de quem nada faz, que na sua opinião são Governo, Federação Portuguesa de Futebol e Liga de Clubes.
"A culpa é de quem investe milhões e está a colher tostões. O grande problema é que vamos chegar ao final deste ano e, em vez de irem três equipas à Liga dos Campeões, só vão duas. Uma das 'grandes' vai ficar de fora. A culpa nunca vai ser dos plantéis e das direcções que eles têm, a culpa vai ser sempre dos árbitros", atira.
José Pereira considera que não tenham de "ser os árbitros a tomar posições de força" sobre o actual cenário de culpabilização. "Ou o Governo ou a Federação ou a Liga tomam de vez medidas sobre isto ou não sei que posição é que os árbitros vão ter de tomar, mas eu espero que não tenham de ser mesmo os árbitros a tomar esta posição", salienta.
Para José Pereira, o que acontece nos campeonatos profissionais acaba por ter reflexo nas provas distritais, em que a segurança é menor. "Infelizmente, tudo o que se passa nos campeonatos profissionais é muito bonito e toda a gente assobia para o lado e acaba onde? Acaba aqui, onde temos menores condições de segurança, com outro tipo de adeptos, com os adeptos muito mais perto dos árbitros e depois os coitados temos de ser sempre nós, árbitros", acusa, garantindo que o organismo que representa "repudia e vai tomar medidas drásticas" sobre a violência no desporto.
"O Leonardo [Marques] tem a nossa solidariedade e nós vamos ser os primeiros a tornar isto uma causa".
Fonte: RR