Música para ser dançada por pessoas comuns, não bailarinos, composta a partir de coreografias, algo menos vulgar na atual música erudita, é a proposta da próxima etapa dos Festivais de Outono, programa promovido pela Universidade de Aveiro. (UA).
O compositor e professor da UA, Vasco de Negreiros, compôs duas suites que vão ser interpretadas, esta sexta, no auditório do CCI do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da UA.
Vasco Negreiros compôs obras especificamente para serem dançadas, convidando-se o público a participar para que encontrem a sua vocação mais natural.
As duas suites que vão ser interpretadas foram as primeiras obras do compositor e vice-diretor do curso do curso de mestrado de Ensino em Música, do Departamento de Comunicação e Arte da UA, com estas caraterísticas.
“A música é criada para responder ao movimento, tal como acontecia no período barroco com, por exemplo, o minueto”, explica o compositor que participou e dançou em festivais de música folk em Portugal e noutros pontos do mundo. Vasco de Negreiros emigrou com a família aos 9 anos para o Brasil, onde viveu durante 15 anos e onde assistiu ao ressurgir dos espaços para dançar, as chamadas gafieiras.
O compositor considera a dança “uma forma muito intensa de ouvir a música”. As suas suites são inspiradas, sobretudo, nas danças de tradição europeia, embora não deixando se ser classificáveis como música erudita. Confessa o seu apreço pela influência entre estilos e recorda como Tom Jobim, um dos nomes mais influentes da bossa nova, foi influenciado por Debussy e como Debussy “bebeu” da música russa.
Participam no espetáculo Joana Amorim (traverso), Catherine Strynckx (violoncelo) e Paulo Amorim (guitarra).