O LEME, festival de circo contemporâneo de Ílhavo, que acontece em vários espaços culturais e outros não convencionais do Município, decorreu entre os dias 2 e 12 de dezembro, numa terceira edição marcada pelo alargamento da duração do festival, concentrando em dois fins-de-semana mais de uma dezena de espetáculos diluídos em mais de 30 sessões.
Numa fase em que as medidas de reforço no combate à pandemia voltam a acentuar-se, o festival, organizado pelo 23 Milhas, projeto cultural do Município de Ílhavo, e pela Bússola, tem como mote desde a primeira edição a premissa do circo não ter limites, mas caber em todo o lado, e enfrentava este ano, à partida, esse novo limite. No entanto, nota muito positiva para uma edição com quase todas as sessões esgotadas, participada tanto nos espetáculos, como nas formações e no momento de discussão que está na sua génese, o CIRCUS FORUM, que junta profissionais e entusiastas da área em vários momentos de debate, partilha e reflexão.
Além de várias estreias nacionais, e dos já habituais espetáculos curtos da categoria Navegar, destaque para a criação “Albano”, de Rui Paixão, que esgotou as cinco sessões no Terminal Especializado de Descarga de Pescado (TEDP), na Gafanha da Nazaré, tendo sido consensual no arrebatamento do público, quer pela narrativa, quer pela impressionante técnica de clown de Rui Paixão, pela interação do espetáculo com o público e mesmo pelo espaço que acolhia a criação. “Albano”, que foi captado pela RTP Palco, atual parceria do 23 Milhas, estará disponível ainda esta semana na plataforma.
O segundo fim-de-semana do festival ficou marcado pelo espetáculo “Monstro”, dos franceses COLLECTIF SOUS LE MANTEAU, em que sete intérpretes trabalham a questão do coletivo e da solidão através de uma estrutura de proporções impressionantes. Já o espetáculo “Grande CircOOferência”, da Radar 360º, viajou até aos primórdios do circo, através das suas técnicas e da sua história, num Foyer da CCI esgotado. Nota ainda para os espetáculos Fome de Lama e (Des)programado, da categoria Navegar, que aconteceram no Planteia (Praça da Casa da Cultura de Ílhavo) e no exterior do TEDP.
Com a presença permanente das escolas de circo portuguesas (SALTO, INAC, CHAPITÔ), de vários profissionais e programadores da área e público de todo o país, o LEME reforça a força cada vez maior do circo contemporâneo em Ílhavo.
O espetáculo “Instable”, previsto para o segundo fim-de-semana do festival, foi cancelado devido a uma lesão do protagonista. Já “Déluge”, dos franceses Sans Gravité, programado para o primeiro fim-de-semana do LEME, adiado por motivos alheios ao festival, será reprogramado no dia 28 de janeiro do próximo ano.