Aplicação móvel inovadora para transformar o ciclismo urbano.

2023-06-14 17:02

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Chama-se BiciZen e é uma aplicação móvel inovadora destinada a tornar as regiões urbanas mais cicláveis e a melhorar a experiência global dos ciclistas urbanos.

Paulo Batista, investigador da Universidade de Aveiro (UA), é um dos autores do trabalho que envolveu um grupo de cientistas de vários países europeus.

É uma plataforma aberta e colaborativa que recolhe dados sobre experiências quotidianas de ciclismo, fornecendo informações valiosas para melhorar as infra-estruturas de ciclismo e promover um estilo de vida sustentável e amigo do ambiente.

Solução inovadora, a BiciZen dá poder aos ciclistas, permitindo-lhes partilhar informações sobre estacionamento de bicicletas, roubo, segurança, conflitos com outros utentes da estrada e obstruções nas ciclovias. Além disso, a aplicação permite que os utilizadores sugiram melhorias nas infra-estruturas de ciclismo e relatem experiências de ciclismo positivas, promovendo uma comunidade ciclista forte.

“A plataforma pretende recolher, em contínuo, as dificuldades, conflitos, situações de perigo encontradas pelos utilizadores de bicileta fomentando, em primeiro lugar, a partilha de experiências e de dados entre a comunidade de utilizadores de bicicleta”, explica Paulo Batista, investigador da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas da UA. A plataforma, acrescenta, “permitirá ainda uma interação direta entre a equipa de investigadores promotor da aplicação e a comunidade, permitindo fomentar programas de investigação conjuntos no espírito do conceito de ciência cidadã”.

“Portugal e a região de Aveiro, em particular, têm vindo a assistir a um declínio no uso da bicicleta, não obstante o recente interesse por este modo de deslocação”, lamenta Paulo Batista. “Relembremos que a região de Aveiro tem um histórico relevante de uso da bicicleta ao longo do século XX, condições naturais muito favoráveis e, inclusive, alberga uma pujante fileira industrial associada à produção de velocipedes. Retomar o uso da bicicleta é assim, não só um imperativo ambiental, como o é económico e social”, aponta dizendo que reverter “o declínio do uso da bicicleta só será possível com um levantamento exaustivo dos problemas enfrentados pelos utilizadores de bicicleta”.

“Acreditamos que dar voz aos utilizadores permitirá aprofundar o uso da bicicleta e até atrair novos utilizadores: a comunicação com outros utilizadores e a exposição dos problemas permitirá reforçar a confiança da comunidade de ciclistas na sua opção pela mobilidade ciclável”, diz.

Ao participarem na BiciZen, apontam os autores da plataforma, os utilizadores contribuem para um diálogo mais amplo sobre o futuro das infra-estruturas para bicicletas nas suas cidades e também para um projecto de investigação mais vasto que pretende compreender os padrões e problemas relacionados com o ciclismo urbano. A informação e o conhecimento produzido permitirão capacitar a ação dos cidadãos e das instituições (municípios, comunidades intermunicipais, autoridades) na formulação de políticas de promoção da mobilidade ciclável mais adequadas. Os dados recolhidos na plataforma BiciZen oferecem um registo de incidentes, eventos e comentários sobre ciclismo, que irão ser disponibilizados à comunidade, podendo assim ser consultados e utilizados por todos, incluindo ativistas, planeadores urbanos e investigadores.

A aplicação BiciZen está agora disponível nas plataformas iOS e Android. Os organizadores incentivam todos a aderir a este projecto para permitir uma revolução na utilização da bicicleta no contexto da mobilidade urbana e a criação de territórios mais amigos da utilização da bicicleta.

A BiciZen foi desenvolvida através de uma colaboração de investigação entre cinco universidades do Consórcio Europeu de Universidades Inovadoras (ECIU), financiada pelo programa-piloto ECIU SMART-ER Citizen Science. Coordenado pelo Instituto de Ciências e Tecnologias Ambientais da Universidade Autónoma de Barcelona (ICTA-UAB), o grupo de trabalho contou ainda com investigadores da Universidade da Cidade de Dublin, da Universidade de Tampere, da Universidade de Twente e da UA.