África…Terra Nova - XXXV

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África…Terra Nova - XXXV
18.06.2020

Hoje em mais uma edição do "África…Terra Nova", o professor António Batel Anjo fala sobre o Dia da Criança Africana.

Dia da Criança Africana

O massacre de Shaperville, Soweto, África do Sul, a 16 de Junho de 1976, está na origem do Dia da Criança Africana. Nessa data, milhões de estudantes negros manifestavam-se, exigindo o direito a uma melhor educação e à aprendizagem nas suas línguas maternas e em inglês em vez dos afrikaans nas escolas.

O que era para ser uma manifestação pacífica acabou numa tragédia. A polícia disparou e matou vários estudantes. As imagens correram o Mundo e mostraram a verdadeira índole do regime de apartheid. Importante é frisar que os estudantes manifestavam-se a pedir algo que lhes é de direito: melhor educação.

A verdade, porém, é que, passados 54 anos, milhões de crianças africanas são ainda vítima de doenças, violência e fome, sendo a escola um luxo para muitos, enquanto governantes corruptos, um grande número deles, formados no estrangeiro com dinheiro dos seus próprios países, passeia-se em carros de alta gama e leva uma vida incompatível com o que ganha e produz.

A desculpa de muitos é que outras prioridades se sobrepõem a questões sociais, como a Educação e a Saúde, ainda que esteja mais que provado estarem esses sectores na origem de todos os problemas que afectam as famílias e as crianças, em particular a fome. Governos africanos gastam somas avultadas em campanhas publicitárias sobre elementos básicos dos direitos cívicos, como a cidadania, quando estudos apontam que mais de 70 por cento das crianças nascidas em África não são registadas, o que leva a questionar todas as políticas dos países.

Medidas dos Governos com vista à actualização dos dados estatísticos nem sempre são bem entendidas, seja por falta de publicitação, seja porque, devido à ausência de identificação dos investigadores, muitos inquiridos entendem ser melhor barrar-lhes a entrada em suas casas por causa de insegurança.  Em Angola, nem sempre os levantamentos estatísticos são bem vistos pela população e costumam ser desrespeitados pelos governantes e instituições, mesmo se tratando das crianças.

A demonstrá-lo estão os diversos pronunciamentos a respeito, que trazem mais confusão a quem pretenda lê-los e estudá-los. Vejamos, entretanto alguns: em cada mil, 68 crianças morrem antes dos cinco anos, sendo a desnutrição crónica, que afecta 38 por cento delas, a principal causa de morte. Soma-se a isso a baixa taxa de vacinação contra todas as doenças infantis, que abrange apenas 31 por cento das crianças dos 12 aos 23 meses.

Três em cada quatro, ou seja, 75 por cento, das crianças menores de cinco anos não possuem registo de nascimento, 30 por cento das mulheres casam ou vivem em união de facto antes de atingirem 18 anos de idade e uma em cada cinco menores está fora do sistema de ensino. 

Revolta ver técnicos, na pele de responsáveis e governantes, de opositores, políticos, enfim, fazerem uso desses números como meras estatísticas. Para uns, no sentido de enfatizar os feitos, para outros, com vista a criticar. E quando dois elefantes lutam, o mais prejudicado é o capim, neste caso, as crianças.

 

Música: 

A música hoje é de Mingas - Nweti. 

https://www.youtube.com/watch?v=845mcX_Glc4&list=RDL2uXik6GdC4&index=10

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Autor
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Horário10:00às09:40

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