O Reitor da Universidade de Aveiro quer manter vivo o exemplo de Adriano Moreira em nome de um ensino superior sempre inconformado.
Paulo Jorge Ferreira reagiu ao desaparecimento de um Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro.
“Professor, humanista e participante ativo no desenvolvimento do ensino superior em Portugal e na leitura informada e atenta da evolução das suas instituições. Saibamos honrar a sua memória”.
Adriano Moreira, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro (UA), morreu neste domingo, aos 100 anos.
A distinção, atribuída a Adriano Moreira pela Academia de Aveiro em 2015, pretendeu homenagear a “singular trajetória de vida forjada com inteligência e sagacidade analítica e prospetiva”, a sua “participação ativa no desenvolvimento do Ensino Superior em Portugal” e o seu significativo contributo para “a consolidação do ensino e da investigação na área das ciências políticas em Portugal”.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa e Doutor pela Universidade Complutense de Madrid e pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, Adriano José Alves Moreira era professor emérito da Universidade de Lisboa, Professor Honorário da Universidade de Santa Maria e Curador da Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro.
Para além da UA, Adriano Moreira era também Doutor Honoris Causa pelas Universidades da Beira Interior, Aberta, Manaus, S. Paulo, Bahía, Brasília e Rio de Janeiro, era membro de diversas e prestigiadas academias portuguesas, brasileiras e espanholas, entre as quais a Academia das Ciências de Lisboa, a Academia de Marinha de Lisboa, a Academia Internacional da Cultura Portuguesa, a Academia Portuguesa da História, a Academia Brasileira de Letras, a Academia Pernambucana de Letras, a Academia Internacional de Direito e Economia de S. Paulo e a Academia de Ciências Morales y Políticas de Madrid.
Entre outros cargos, foi curador honorário da Fundação Oriente (Lisboa), presidente honorário da Sociedade de Geografia de Lisboa, sócio fundador e presidente honorário da Academia Internacional da Cultura Portuguesa, e sócio fundador e presidente da assembleia-geral da Associação Portuguesa de Ciência Política.
Presidiu ainda ao extinto Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior e foi presidente do Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa.
Na carreira política foi delegado de Portugal na ONU nos anos 50 e Ministro do Ultramar no governo presidido por António Oliveira Salazar, tendo sido depois do 25 de Abril de 1974 presidente do CDS e deputado e Vice-Presidente da Assembleia da Republica. Foi responsável pelo lançamento do Movimento da União das Comunidades de Cultura Portuguesa, tendo presidido aos I (1964) e II (1966) Congressos dessas Comunidades, em Lisboa e Lourenço Marques, respetivamente.
A singular participação cívica, académica e política de Adriano Moreira foi reconhecida com diversas distinções honoríficas, entre as quais a Grã-Cruz de São Silvestre; Grã-Cruz de Cristo; Grã-Cruz do Cruzeiro do Sul; Cavaleiro Grã-Cruz da Ordem de África; Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica; Grande-Oficial do Infante D. Henrique; Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada; e a Royal Victorian Order.