Luís de Sousa, professor de Administração e Gestão Pública da Universidade de Aviro, considera que a democracia portuguesa “é translúcida, isto é, apresenta um determinado nível de transparência no funcionamento das suas instituições, mas há ainda muito caminho a trilhar no sentido de alcançar uma governação aberta e inclusiva". Coordenador de vários estudos sobre transparência na administração pública e nos municípios, o investigador e docente deu uma entrevista ao site da UA em que fala de uma Democracia e de um Estado a duas velocidades.
“No meu entender, Portugal apresenta-se como uma ´democracia a duas velocidades`, na medida em que coexistem duas realidades de governação antagónicas: por um lado, uma democracia moderna assente numa cidadania ativa, que exige padrões elevados de desempenho das suas instituições representativas e dos seus governantes (uma ´democracia de melhor qualidade`) e por outro lado, formas tradicionais/clientelares de mobilização eleitoral e de exercício do poder. O Estado, por sua vez, impõe-se, por um lado, como um Estado centralizador, pesado, invasivo e obstrutivo à iniciativa privada; por outro lado, atua como um Estado débil, submisso a influências de grupos de interesse e incapaz de cumprir as suas funções sociais”.