O movimento de amigos da Ria de Aveiro (Maria) pede explicações à Polis Litoral Ria sobre atrasos na empreitada de desassoreamento da ria e questiona a eficácia dos trabalhos.
Em nota divulgada esta noite, o movimento Maria reage à intervenção da Polis no congresso da região para concluir que a empresa levou “uma mão cheia de nada” ao Congresso “em vez de justificar os atrasos na empreitada de desassoreamento em curso”.
A informação sobre a conclusão dos trabalhos está prevista até final do ano é encarada como “notícia estafada”.
“O que todos nós gostaríamos de saber é a razão dos atrasos na obra, que somam neste preciso momento mais de doze meses (e o COVID não pode justificar tudo...), e os benefícios efetivos e provados que a obra vai trazer à Ria no seu todo, à melhoria das condições de navegabilidade e aos diferentes ecossistemas associados à laguna”.
O movimento fala em atraso de ano e meio na empreitada de 15 meses.
“Tudo o resto não passa de uma retórica estafada e repetitiva, encenada para ocupar os protagonistas habituais a falarem uns para os outros, desta vez com o objetivo afinado de avançarem umas parangonas que projetem a sua empenhada intervenção na Ria lá mais para o final do Verão, quando o calendário nos trouxer as eleições autárquicas”.
A empreitada de desassoreamento da ria, orçada em 21,6 milhões de euros, é encarada como solução sem grande futuro.
“O que vai ser feito até ao final da empreitada é muito poucochinho para tão elevado investimento e é legítimo deixar no ar a pergunta sobre se o plano e o projeto da empreitada, da responsabilidade da Polis Litoral Ria de Aveiro, é o mais adequado e se os meios no terreno são os mais adaptados às circunstâncias da obra”.
E mesmo os custos são questionados quando o movimento sugere a comparação com trabalhos pontuais desenvolvidos pelo Porto de Aveiro.
“É certo que a complexidade e a distribuição geográfica de uma e outra obra é diversa e é claro que não é possível fazer uma regra de três simples e aplicar o preço pago pelo Porto de Aveiro na obra de desassoreamento da Ria. Mas a gigantesca diferença dos valores dá que pensar e sobretudo permite especular se, pelo valor da obra, não teria sido possível fazer muitíssimo mais e melhor”.
A crítica é dirigida às áreas navegáveis e às possibilidades que se abrem que, segundo o movimento, são curtas para tanto dinheiro.
Com elogio à intervenção do autarca de Ílhavo, o movimento Maria diz que Fernando Caçoilo colocou o dedo na ferida quando reclama, mais uma vez, autonomia de gestão.
“Palavras sensatas de um autarca, que se juntam aquele que tem sido o discurso de sempre do MARIA sobre a gestão da Ria, mas que precisam agora de encontrar respaldo mais acima, no Governo da República, de modo a que mudança de paradigma não signifique apenas a transferência de uns gabinetes de Lisboa e Coimbra para a região, mantendo-se os protagonistas habituais. A Ria precisa de ser gerida localmente, mas a transferência da gestão tem obrigatoriamente de ser acompanhada por um modelo de governança que seja ágil e desburocratizado na decisão, proteja a Ria e as suas diferentes e variadas atividades, congregue no seu seio todos os setores económicos presentes e, finalmente, seja assessorada por um órgão científico independente, por exemplo, a Universidade de Aveiro, que assegure e garanta qualidade e bom senso nas decisões”.