Mais do que uma grande obra de desassoreamento, a ria vai necessitar de manter ações regulares em zonas localizadas para manter canais navegáveis.
Ideia que fica do primeiro encontro de reflexão promovido pelo movimento Maria.
Mais de uma centena de pessoas lotou quase por completo o Salão Nobre da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré na primeira Conferência organizada pelo Movimento sobre o tema do Assoreamento da Ria de Aveiro.
Com uma intervenção a cargo do Professor João Miguel Dias, Diretor do Departamento de Física da Universidade de Aveiro, a Conferência captou a atenção de associações e clubes náuticos da região, que se fizeram representar.
O professor universitário concluiu que o assoreamento na Ria de Aveiro “não pode e não deve ser visto como um problema generalizado em todo o território”, tendo concluído, no entanto, que em determinadas zonas, nomeadamente, nas cabeceiras da laguna e em locais pontuais onde os clubes e associações de pesca dispõe de instalações e marinas “o problema é premente e deve ser resolvido”.
Para a resolução dos problemas pontuais de assoreamento da Ria de Aveiro, o académico defendeu a intervenção permanente de pequenas dragas, à semelhança do que aconteceu no passado, onde este trabalho era feito com relativo sucesso.
Já no período de perguntas e respostas, o tema foi de novo colocado por uma parte dos que intervieram, tendo-se gerado no final uma ideia generalizada de que, à margem da intervenção na Ria já anunciada para o desassoreamento de certa de 96 km de canais, é necessário encontrar uma solução que garanta, em pequena escala, a “manutenção de dragagens pontuais em permanência”.
Paulo Ramalheira, em nome do MARIA, disse que o Movimento tem já hoje uma posição consolidada junto dos amantes da Ria de Aveiro e das diferentes comunidades que se revêm neste espaço delimitado pela terra e pelo mar.
“Na sua curta vida de pouco mais de dois meses, o Movimento de Amigos da Ria de Aveiro mobilizou o interesse de quase duas mil pessoas que nos seguem diariamente nas redes sociais e atraiu para o seu seio mais de dezena e meia de associações e coletividades, que encontraram na Carta de Princípios do MARIA uma razão fundamentada para se juntarem neste esforço coletivo de defender aquilo que é talvez o nosso património mais valioso, a nossa Ria”, sublinhou Paulo Ramalheira.
O responsável do MARIA alertou ainda para “as alterações climáticas, que a todos inquietam e devem estar na primeira linha das nossas preocupações enquanto comunidade”, notando que “as consequências imprevisíveis da subida dos oceanos podem vir a atingir-nos dramaticamente”.
“Porque amanhã pode ser tarde, temos hoje de começar a refletir e a procurar as soluções para aqueles que vão seguramente ser os nossos problemas maiores dentro de meio século”, sublinhou Paulo Ramalheira, referindo que “a sociedade civil e os decisores políticos têm a responsabilidade de sensibilizar a opinião pública para o problema, procurar soluções e formar e estimular as novas gerações para lidarem com as questões ambientais”.