Estação piloto para testes de aquacultura sustentável vai nascer no ECOMARE
Uma estação piloto para teste de novos sistemas de aquacultura sustentável vai ser construída no ECOMARE – Laboratório para a Inovação e Sustentabilidade dos Recursos Biológicos Marinhos da Universidade de Aveiro (UA) -, instalado na Gafanha da Nazaré (Ílhavo).
O projeto apresentado pela UA, designado AquaMMin, foi aprovado recentemente no âmbito do programa Mar 2020 e financiado num montante superior a 1,4 milhões de euros.
O objetivo é estudar soluções de aquacultura em regime modular multitrófico integrado que possam servir de orientação e inspiração a investimentos neste setor.
O AquaMMin – “Desenvolvimento e validação de um sistema modular de aquacultura modular multitrófico integrado para espécies de águas marinhas e salobras” é um projeto que será desenvolvido no ECOMARE estando já alinhado com as atividades previstas para o Centro de Inovação e Tecnologia em Aquacultura (CITAQUA), recentemente criado formalmente através de um protocolo assinado entre a UA, a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), a Administração do Porto de Aveiro (APA) e a Associação Portuguesa de Aquacultores.
A estação piloto será constituída por oito sistemas independentes, cada um dividido em três compartimentos interdependentes. Em cada compartimento será cultivado um nível trófico diferente.
O primeiro, alimentado a ração, será ocupado com peixe ou crustáceos. O segundo, alimentado com a matéria orgânica mais grosseira não usada no primeiro, será usado para criação de, por exemplo, minhocas ou ostras. O terceiro usa a matéria inorgânica resultante do processamento da matéria orgânica nos dois anteriores e servirá para cultivar, entre outras espécies, salicórnia ou ulva (alface-do-mar).
Todos estes sistemas serão assistidos com automação e estarão sob monitorização permanente, sendo possível o controlo remoto. No final, será instalado um sistema de filtração e de recirculação. Os dados da monitorização dos sistemas vão sendo gravados na cloud para análise.
“A vantagem de sistemas fechados, como este”, explica o coordenador do projeto, “é ser mais independente das eventuais variações do meio natural”. Ricardo Calado, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM)/Departamento de Biologia da UA, salienta ainda que, “com estes sistemas de aquicultura multitrófica integrada, procura-se reduzir ao mínimo duas consequências da aquacultura convencional: o desperdício (de nutrientes) e os impactes no meio ambiente”.
“Hoje em dia, há empresas em Portugal a trabalhar este conceito, aquicultura multitrófica integrada, mas sem o grau de integração e automação que queremos introduzir nesta demonstração de conceito e tecnologia”, assinala o investigador.
Para o projeto AquaMMin, assim como para os restantes sete projetos da UA financiados pelo programa Mar2020, foi estabelecido um prazo de três anos.Deste grupo, fazem ainda parte os projetos: “Identificação e avaliação de zonas estuarinas e lagunares com potencial aquícola: mapeamento e modelação biofísica”; “Deteção automática de microalgas tóxicas através de imagens microscópicas óticas e híperespectrais”; “Modulação microbiana em aquaculturas com sistema de recirculação: em direção de um sistema de produção supressor de doenças”; “MAXImização das estratégias de controlo de um parasita em AQUAcultura de pregado”; “Desenvolvimento de metodologias de depuração de moluscos bivalves adequadas aos requisitos fisiológicos de cada espécie”; “Melhoria dos processos de acondicionamento, transporte e embalamento de moluscos bivalves: da captura à comercialização”, “Restauração, gestão e conservação da Biodiversidade e dos recursos biológicos associados aos ecossistemas de Pradarias marinhas da Ria de Aveiro”.
Texto e foto. UA