Três empresas nacionais ligadas ao mar vão pagar as propinas do 1º ano aos três melhores caloiros que entrem em setembro na Licenciatura em Ciências do Mar (LCM) da Universidade de Aveiro (UA).
Os prémios de mérito atribuídos pelas empresas Porto de Aveiro, Alga+ e Hidromod reconhecem a importância e a necessidade de formação em Portugal de quadros superiores na área do Mar.
Para além disso, o pagamento integral das propinas aos três alunos do curso ministrado no Departamento de Física (DFis) pretende igualmente ajudar o orçamento das famílias com filhos no Ensino Superior.
Destinadas aos três estudantes com as médias de acesso mais elevadas que ingressem em primeira escolha na LCM com uma média de entrada superior a 14 valores, as bolsas de estudo têm como grande objetivo atrair “um maior número de estudantes de elevado potencial, contribuindo para suprir as necessidades regionais e nacionais de formação nesta área”.
João Miguel Dias, director do DFis, lembra ainda que os prémios de mérito pretendem “minorar as dificuldades de financiamento da frequência do ensino superior, especialmente para as famílias com residência distante de Aveiro, numa fase em que apesar do país estar em recuperação financeira ainda se fazem sentir carências económicas significativas num elevado número de agregados familiares”.
UA não quer perder o barco
“A área do mar é atualmente considerada de elevado interesse estratégico nacional, o que se comprova pela criação do Ministério do Mar por parte do atual Governo”, refere João Miguel Dias. O DFis já fez as contas e não quer perder o barco.
De acordo com a Ministra Ana Paula Vitorino, lembra João Miguel Dias, “as intenções de investimento privado no setor do Mar ultrapassam os dois mil milhões de euros para os próximos anos”.
O responsável lembra que o Plano Estratégico para a Aquicultura Portuguesa 2014-2020 “conta com uma fração significativa do financiamento do Programa Operacional Mar 2020” e “o aumento crescente do movimento nos portos nacionais, que a Ministra do Mar espera que prossiga futuramente, antecipando valores da ordem dos 200 por cento na movimentação de cargas dos portos nacionais na próxima década, em linha com a subida de 180 por cento que se registou entre 2006 e 2016”.
Os porquês da iniciativa
A cooperação com o tecido empresarial tem sido uma aposta contínua da formação oferecida pela UA. Em particular, aponta João Miguel Dias, “a LCM promove, no 3º ano do curso, a realização de um projeto, que pode ser realizado em colaboração com o sector empresarial, estrategicamente enquadrado para a definição de diferentes perfis das empresas com atividades na área da economia do mar”.
Neste contexto, “a inovação neste tipo de indústrias e empresas é favorecida com a atividade de diplomados de cursos das áreas científico/tecnológicas, como por exemplo a LCM, conforme reconhecido pela Administração do Porto de Aveiro, Alga+ e Hidromod – Modelação em Engenharia”, parceiros financiadores desta iniciativa conjunta.
Vasto leque de opções para o mercado de trabalho
Análise de qualidade de água na vertente marinha, apoio à gestão e ordenamento de zonas marinhas e costeiras, consultadoria em zonas costeiras e marinhas, oceanografia operacional e observacional, controlo de poluição marinha ou reabilitação e recuperação do meio costeiro e marinho são apenas algumas das missões para as quais a LCM prepara os estudantes.
“A estrutura curricular da Licenciatura em Ciências do Mar promove nos três anos do seu plano de estudos uma formação de base sólida em oceanografia e sobre o funcionamento de ecossistemas marinhos entendidos numa vertente multidisciplinar, assente numa formação de base em física, matemática, química e informática”, explica o diretor do DFis.
A formação contempla também competências nas áreas do direito e políticas do mar, do ordenamento do litoral, e na monitorização e análise de dados marinhos. Nesta formação de banda larga são asseguradas aptidões específicas que conferem aos diplomados da LCM capacidades de análise, modelação e resolução de problemas tecnológicos complexos interdisciplinares, como consequência das competências teóricas e experimentais conferidas no domínio da oceanografia aplicada a diversas áreas da economia do mar.
“A excelente formação proporcionada a estes diplomados encontra-se alicerçada na transferência para a intervenção pedagógica dos resultados da investigação científica efetuada na UA, e em particular no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), laboratório associado de investigação com elevado reconhecimento nacional e internacional na investigação de processo marinhos”, aponta João Miguel Dias.
Esta investigação tem resultado em produtos inovadores e tem sido desenvolvida em forte colaboração com o tecido empresarial através da prestação de serviços e projetos em parceria.
As bolsas não são acumuláveis com outros prémios atribuídos pela UA, nomeadamente as Bolsas de Mérito Académico atribuídas a todos os estudantes que ingressem em qualquer curso com uma média de acesso igual ou superior a 17,5 valores e que escolham a UA como primeira opção no Concurso Geral de Acesso.
Texto e foto: UA