O Conservatório de Música de Aveiro, Calouste Gulbenkian tem patente ao público, até ao próximo dia 6 de Novembro, uma exposição de quadros no âmbito das comemorações do 56.º aniversário daquele estabelecimento de ensino. Intitulada “aguarelas”, a mostra de quadros, exposta da Sala Azeredo Perdigão, permite ao visitante entrar num espaço que Júlio Resende, em Dezembro de 2001, referia como impressionante.
“A Floresta muito me impressionou não apenas pela sua grandeza e densidade, mas igualmente pela experiência sentida pelo movimento dos focos de luz contrastando da penumbra envolvente. Lembrei-me da música romântica e acertei o meu gosto”, referiu, na altura, o artista.
Ainda nos textos que produziu em Dezembro de 2001, para a exposição “Recorrer Aguarela”, Júlio Resende partilhou o que lhe ia na alma nos momentos em que recorria a esta forma de pintura.
“A realização da aguarela ao ar livre exige o máximo de comodidade. Disponho de um banco acabado de armar, e no chão, o material trazido no pequeno saco. Entretanto, à memória vão chegando pensamentos cuja justeza ignoro. Serás que o romantismo representará sempre a cedência de logos? Diante, e dentro de mim, a Floresta Negra. Tentarei descobrir o que acontece.”
Falecido em 2011, aos 94 anos de idade, Júlio Resende é autor de uma obra de pintura desenvolvida entre os anos 30 do século XX e a primeira década do século XXI.
Foi docente na Escola de Bela Artes do Porto, entre 1958 e 1987. Realizou obra pública com trabalhos executados em técnicas que vão da cerâmica ao fresco, do vitral à tapeçaria, instaladas em espaços do norte ao sul de Portugal.
Ilustrou obras literárias, nomeadamente para a infância, realizou cenários e figurinos para teatro, bailado e espectáculos de grande impacto. Sobre a produção debruçaram-se os principais críticos e historiadores de arte portugueses, mas também importantes escritores e poetas.
Realizou inúmeras exposições no país e no estrangeiro sendo por diversas vezes distinguido com relevantes prémios. A criação do Lugar do Desenho foi um dos principais projectos a que se dedicou a partir da década final do século XX.
foto: Paulo Costa/CMACG