O Caminho Português de Santiago na região centro está oficialmente certificado.
Foi publicada em Diário da República a certificação que na origem foi proposta pela Turismo Centro de Portugal e pelos municípios abrangidos.
O itinerário que atravessa a região Centro de Portugal recebe a certificação oficial de que reúne todas as condições de qualidade para os peregrinos do Caminho de Santiago.
A Portaria emitida em conjunto pelo Ministério da Economia e Mar e pelo Ministério da Cultura refere-se ao troço de 191,6 km e que atravessa 12 municípios da região (Vila Nova da Barquinha, Tomar, Ferreira do Zêzere, Alvaiázere, Ansião, Penela, Condeixa-a-Nova, Coimbra, Mealhada, Anadia, Águeda e Albergaria-a-Velha).
O Caminho Central continua depois para norte, até terminar em Santiago de Compostela.
Para um itinerário ser certificado, tem de obedecer a um conjunto de requisitos, nomeadamente a fundamentação do uso consistente do itinerário de peregrinação, comprovado por fontes históricas, vestígios materiais ou tradição documentalmente registada.
Outros critérios exigíveis são a disponibilização de equipamentos de apoio aos peregrinos, incluindo locais para dormir, locais para preparar ou servir refeições e tomar banho, desejavelmente a cada 20 quilómetros, bem como pontos de descanso com sombra, dotados de água potável, desejavelmente a cada 10 quilómetros.
De acordo com o parecer da Comissão de Certificação do Caminho de Santiago, o itinerário do Caminho Português de Santiago Central - Região Centro apresenta condições de segurança, transitabilidade, equipamentos de apoio e informação adequados aos peregrinos.
A fundamentação do itinerário, que consta da Portaria, parte da identificação da rede viária romana e medieval, apoiada em estudos históricos credíveis e vestígios arqueológicos.
De especial relevância foram fontes históricas relacionadas com as peregrinações jacobeias, nomeadamente relatos de viagens entre 1495 e 1669, que permitem conhecer, nalguns casos com bastante pormenor, os pontos de passagem ou paragem dos narradores.O itinerário é também apoiado na carta militar viária de 1808, que representa uma rede viária ainda muito baseada nos traçados medievais.
A certificação identifica ainda fontes imateriais que sustentam a antiguidade do itinerário, com destaque para a albergaria fundada em 1172 pela rainha D. Teresa, que dá o nome à atual Albergaria-a-Velha e que pode ter sido precedida por uma albergaria (mansione) romana.
Em alguns troços, os itinerários antigos foram absorvidos por estradas modernas e contemporâneas (estradas nacionais e mesmo autoestradas), situações em que são propostos traçados alternativos nas proximidades.
“Cada vez mais peregrinos utilizam o Caminho Português de Santiago, que foi o segundo mais usado no último Jubileu. Esse aumento é notório nos itinerários que atravessam o Centro de Portugal: entre 2011 e 2019, duplicou o número de pessoas que fazem o Caminho Central, que passaram de 183 mil para cerca de 350 mil. É um caminho para todos, uma vez que 40% das pessoas que fazem o Caminho de Santiago têm motivação religiosa e 49% têm motivação cultural ou outra. A certificação agora publicada em Diário da República é o reconhecimento oficial de que esta rota reúne todas as condições para ser realizada com qualidade pelos peregrinos”, salienta Pedro Machado.“Estes Caminhos têm duas vias, ascendente e descendente. Queremos que, a longo prazo, cada vez mais peregrinos façam o percurso inverso, descendo da Galiza até ao Centro de Portugal, o que permitirá reforçar ainda mais as estreitas ligações entre esta região e o mercado turístico espanhol”, acrescenta.A certificação é mais um passo importante na inscrição dos Caminhos Portugueses de Peregrinação a Santiago de Compostela como Património Mundial da UNESCO, conforme foi proposto por Portugal em 2016. Para que tal classificação seja concedida, é necessária a certificação dos caminhos.Neste momento, está a ser trabalhada a proposta de certificação de outro itinerário, a Via Portugal Nascente, que atravessa oito municípios da região: de sul para norte, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Fundão, Covilhã, Belmonte, Guarda, Celorico da Beira e Trancoso.
Em Trancoso, esta rota de peregrinação entronca no caminho de Torres, que procede de Salamanca e termina, naturalmente, em Compostela.