Até final de março do próximo ano, o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) conta publicar “um conjunto de normas” que deverão passar a nortear os operadores económicos de 14 setores de atividade em matéria de cibersegurança, anunciou nesta terça-feira o coordenador do organismo. A banca é o primeiro setor a ser dotado dessa espécie de guia de boas práticas recomendadas para uma utilização “segura e confiável” do ciberespaço, adiantou Lino Santos.
O coordenador do CNCS falava na segunda conferência da sétima edição dos Fóruns Norgarante, que se realizou no Multiusos do Museu Histórico da Vista Alegre, em Ílhavo durante a manhã. Na sua intervenção, afirmou que o organismo que lidera, desde junho passado, vai lançar em 2019 uma série de iniciativas relativas à “regulação de sistemas proativos de cibersegurança”.
Entre janeiro e fevereiro, adiantou, será apresentado o “Quadro de Referência Nacional para a Cibersegurança”, de adesão voluntária por todas as entidades portuguesas, públicas e privadas, cuja operação rentabilize os recursos disponíveis no ciberespaço. Este quadro orientador incidirá em vários aspetos da atividade das organizações e pretende reforçar os níveis de segurança com que os seus sistemas, redes e equipamentos funcionam, ajudando-as a adotar “medidas” e a lidar com os “instrumentos necessários” à antecipação, deteção, reação e recuperação de situações que, face à iminência ou ocorrência de incidentes ou ciberataques, ponham em causa a respetiva operação. Para tanto, o CNCS, segundo o seu coordenador, está a desenhar o quadro de referência português com base no modelo norteamericano de cibersegurança, um dos mais exigentes do mundo.
Dois mil e dezanove, aliás, promete ser o “ano da cibersegurança” em Portugal, uma vez que está prevista a publicação de vários “referenciais normativos em matéria de cibersegurança”, uma das missões da CNCS. Concluído o da banca, até março próximo serão publicados mais 13, dirigidos a outras tantas atividades e “replicando” o que está feito para um dos setores mais sensíveis no que toca a cibersegurança.
Lino Santos adiantou ainda que estão a ser preparados “modelos de maturidade”, a publicar também no próximo ano pelo organismo que lidera, com orientações “que mostrem um caminho” às organizações, para que estas possam “atingir os requisitos mínimos de cibersegurança”. O país, da administração pública às microempresas, precisa de ser dotado, “com urgência”, de quadros regulatórios e normativos neste âmbito, numa altura em que a digitalização da economia e as relações do Estado com os cidadãos estão a alterar significativamente a sociedade e as dinâmicas sociais. “Devemos olhar para a cibersegurança quando concebemos as políticas públicas e vamos trabalhar para isso”, preconizou o coordenador do CNCS.
Antes, Teresa Duarte, presidente da Comissão Executiva da Norgarante, organizadora da conferência, recordou o papel da garantia mútua no apoio ao investimento empresarial em cibersegurança. Salientou, a propósito, que há linhas de apoio disponíveis para este tipo de investimentos, como a “Capitalizar”, e que as PME “podem e devem recorrer” a elas. Para a gestora da sociedade de garantia mútua que opera na região Norte e dos distritos mais a Norte da região Centro, é tempo de as nossas empresas inscreverem a cibersegurança na sua agenda, tanto mais que, “em breve”, este será um critério importante a considerar na “avaliação de risco de crédito” que a banca faz na hora de decidir como e a quem financiar.
Teresa Duarte incentivou, por isso, os cerca de 150 empresários e gestores dos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda presentes na segunda sessão dos VII Fóruns Norgarante, a aproveitar este tipo de iniciativas, para que fiquem “mais conscientes e informados sobre o tema”. Assim, será mais fácil tomar medidas para evitar que as empresas portuguesas sejam alvo de ataques cibernéticos e, no caso de isso acontecer, “terem um plano de contingência” para reagirem com sucesso.Desde o início da sua atividade, há 16 anos, a Norgarante - Sociedade de Garantia Mútua apoiou o financiamento de mais de 49 mil micro, pequenas e médias empresas dos distritos do Porto, Braga, Aveiro, Viseu, Viana do Castelo e Guarda. Já prestou mais de 120 mil garantias, cujo montante global ultrapassa os 6.278 milhões de euros. Desta forma, viabilizou financiamentos da ordem dos 12.227 milhões de euros.