A pesca da sardinha regressou, esta segunda-feira, ao Algarve, mas o presidente da Associação de Pesca Artesanal da Região de Aveiro confessa que pela qualidade e pela valorização do produto os armadores e os pescadores podem não tirar o devido rendimento desse regresso. Mesmo confessando os transtornos da paragem por cinco meses, Adelino Palão explica que o regresso ao mar em Abril tende a ser mais valorizado que o regresso em Março.
“Os do Algarve podem ir apanhar a sardinha mais cedo. Nós, como a quantidade a apanhar é tão pouca e menos rentável, face ao valor, só começaremos no dia 1 de Abril”.
Desde 20 de setembro de 2014 que a pesca da sardinha esteve suspensa, primeiro, devido à proibição de captura por esgotamento da quota, e depois devido ao período de defeso biológico. O período de proibição foi compensado com a atribuição de subsídios aos pescadores, mestres e armadores num total aproximado de 4 milhões de euros.
Adelino Palão espera que o adiamento do regresso ao mar seja compensado ao nível da qualidade da sardinha e do preço praticado. “Nesses meses é que se deve capturar e vender ao melhor preço. O meu barco apanhava uma média de 600 toneladas de sardinha por ano. Agora tenho 200 toneladas para apanhar. São 46 cabazes de pesca por dia. E estou sujeito a chegar ao fim de Agosto e acabar a quota. E depois vamos ficar parados mais 5 ou seis meses. Ninguém consegue suportar isto”.
O IPIMAR está a estudar o stock de sardinha no litoral português e espera ter em maio novos dados que permitam tomar uma decisão final sobre a quota anual da pesca da sardinha. “Os indícios que temos é que têm encontrado muitas áreas de sardinha mas só quando formos é que tiramos a prova. O IPIMAR está a fazer roteiros no Algarve e nos dias 9, 10 e 11 vem fazer num barco da nossa associação”.
O defeso biológico decorre entre 1 de janeiro e 28 de fevereiro para os pescadores que não aderiram à cessação temporária, e entre 15 de janeiro e 15 de março para os que receberam as compensações.